Lisboa – O regime angolano baixou orientações ao governador provincial de Luanda, Manuel Homem no sentido de travar a manifestação nacional do dia 17 de Junho na capital do país, por considerar que a mesma é de “risco”.

Fonte: Club-k.net

GPL alega que irá realizar campanha de limpeza na cidade

A manifestação, segundo pronunciamentos dos seus promotores, visa repudiar o aumento da gasolina devido à retirada parcial das subvenções aos combustíveis, e a onde de assassinatos praticados pela Polícia Nacional que se tornou numa das marcas governação do Presidente João Lourenço.

 

Para desmobilizar a manifestação, o governo provincial de Luanda, foi orientado a anunciar que a administração municipal de Luanda levará a cabo de 16 a 18 do corrente mês uma suposta campanha de limpeza, poda de arvores, pintura de lancis e arvores nos sete municípios. O regime justifica que esta medida serve para consciencializar os munícipes sobre os cuidados da capital do país.


Em avaliações internas, o regime considera que a manifestação é de risco por se identificar palavras de ordens de pendor político, agravados com contestações direcionadas a imagem de João Lourenço.


Paralelamente, e por alegadamente temer que as autoridades angolanas venham a cometer atrocidades contra a população neste dia, a Embaixada dos Estados Unidos da América, em Luanda, lançou um alerta para avisar a comunidade norte-americana residente em Angola dos protestos marcados para o próximo dia 17 de Junho.


A Embaixada dos Estados Unidos da América lançou um alerta para avisar a comunidade norte-americana residente em Angola dos protestos marcados para o próximo dia 17 de Junho contra o recente aumento dos preços da gasolina, que "podem ocorrer em qualquer lugar de Luanda". "Neste momento, não há um ponto focal claro para o protesto. Os relatórios actuais afirmam apenas que os activistas convocaram protestos em toda a cidade", avisa a embaixada num comunicado.



"Esteja ciente de que os protestos podem ocorrer em qualquer lugar de Luanda", alerta o documento, onde é aconselhado aos cidadãos norte-americanos residentes em Angola que "evitem multidões, se mantenham discretos e não exibam sinais de riqueza, como joias ou relógios caros, notifiquem amigos e familiares sobre o seu paradeiro e segurança, tenham cuidado e limitem seus movimentos, revejam o seu plano de segurança pessoal", lê-se no comunicado.


De lembrar que a organização cívica Mudei, fez sair um manifesto apelando à "solidariedade social" e à cidadania sob a forma de acções colectivas para combater as "injustiças" que consideram estar a afectar várias classes.


"As zungueiras [vendedoras ambulantes] estão impedidas de zungar, os taxistas não receberam a isenção anunciada ao aumento do preço da gasolina (o que terá efeitos na vida de todos nós), os professores e os médicos continuam sem ter resposta às suas reivindicações de muitos anos, os profissionais da comunicação social sofrem censura e outros tipos de pressão, os trabalhadores vão ser impedidos de exercitar o seu direito à greve e mesmo os polícias e agentes da autoridade recebem ordens que os colocam entre a espada e a parede, obrigados a violar o seu juramento de defender a legalidade e a democracia, por medo de perderem os empregos", lê-se no manifesto.

 

O documento destaca a "crise humanitária à escala nacional", apontando a "omissão" do Estado angolano "que recorre à repressão e à violação explícita de direitos fundamentais quando as vozes cidadãs se fazem ouvir".


Em causa está também o novo regulamento das Organizações Não Governamentais (ONG) que "para além de inconstitucional, vai reprimir, asfixiar e, eventualmente, extinguir as múltiplas organizações cívicas que, em Angola, trabalham onde o executivo se demite das suas responsabilidades e obrigações", refere.


"Na falta de Estado, sejamos sociedade: vamos à luta por todas e por todos, nas ruas, com buzinas, com cartazes, com música, com paz, mas firmes na defesa dos nossos direitos", apela o manifesto.