Luanda - O Presidente da República postou hoje na sua página no Facebook uma mensagem na qual expressa os seus “profundos agradecimentos à população de Benguela pela calorosa recepção e digno acolhimento oferecidos à minha e às delegações estrangeiras que trabalharam ontem na cidade do Lobito”.

Fonte: Correio Angolense

Sucede que correm, também nas redes sociais e, nomeadamente, no próprio Facebook, imagens de muitos populares nas ruas de Benguela apupando o Presidente João Lourenço à passagem da sua luxuosa caravana automóvel.


Gritos como “Fora, João Lourenço” são audíveis em muitos áudios que circulam nas redes sociais.


Ao dirigir “profundos agradecimentos” aos segmentos benguelenses que o aplaudiram e ignorar aqueles que o apuparam, o Presidente João Lourenço comportou-se, simultaneamente, como dois animais distintos: a) como o morcego, que é dos animais com sentidos de adução e visão mais desenvolvidos; b) como a avestruz, animal que enfia a cabeça na areia à aproximação de algum inimigo com o qual não queira ou não possa medir forças.


Tal como enterrar a cabeça não torna a avestruz invisível aos olhos dos seus inimigos, o Presidente João Lourenço também não cala a contestação de alguns segmentos populacionais ignorando-a.


Aqueles que são regiamente pagos para aconselhar o Presidente João Lourenço deveriam dizer-lhe que, depois de agradecer a população que lhe teria brindado uma “calorosa recepção”, deveria dirigir, também, uma palavra de conforto àqueles que o apuparam, dizendo-lhes que compreende a sua frustração, mas que está afincadamente empenhado em resolver a difícil situação por que passa a generalidade dos angolanos.


Ao ignorar aqueles que contestam a sua governação, o Presidente João Lourenço acirrou-lhes a raiva e o desprezo por si. E, tal como a avestruz, não acabou com o descontentamento das pessoas ao fingir uma repentina e momentânea cegueira e surdez.


Qualquer líder avisado, teria mandado parar a caravana, descido do carro e ido explicar aos descontentes as causas do actual momento difícil.


Estranhamente, o Presidente João Lourenço prefere o confronto ao diálogo, a altivez à humildade.


Em toda a história da humanidade, não há um único capítulo de um homem que tenha subjugado infinitamente o seu povo.


Apesar das centenas de conselheiros, consultores, secretários e outros colaboradores, o Presidente João Lourenço persiste num caminho que todos sabem não ter saída.


O mundo também não desabará se João Lourenço atirar a toalha ao tapete, reconhecendo a sua incapacidade de tirar o país do pântano em que caiu, com uma boa ajuda do próprio Presidente da República.


PS: Ao Governo pode não ter agradado a rejeição da CNN de instalar uma delegação em Angola. Mas, deveria estar grato à decisão daquela cadeia televisiva. Exclusivamente noticiosa, a CNN sustenta-se com informações transmitidas em directo. Se tivesse acedido ao convite de Angola, os apupos a João Lourenço teriam chegado aos quatro cantos do mundo por via da CNN.


Como diz a sabedoria popular, há males que vem por bem. Pelo menos para o Presidente João Lourenço.