Luanda - Em 2017, decidimos dar um voto de confiança ao Executivo, liderado por sua Excelência Presidente João Lourenço. Esperamos pacientemente pela implementação de boas políticas, para que de facto, o país começasse a marcar passos decisivos rumo à diversificação da nossa economia. Hoje, volvidos seis anos, não se nota absolutamente nada, em prol deste grande desiderato.

Fonte: Club-k.net

Bem, o motivo que me leva a escrever este artigo, não é para fazer meras críticas ao Executivo, mas sim, narrar factos que temos estado a viver desde que decidimos arregaçar as mangas, e dar o nosso contributo para ajudar o Executivo, o país, com projectos inovadores e exequíveis, de modos a mudar a situação socioeconómica actual, da maior parte da população, com maior incidência, a juventude.

Em 2020, tomamos a iniciativa de investir no cooperativismo, actuando nos 13 ramos, com maior foco em cooperativas de: Agropecuária, Recolha de resíduos sólidos, Saúde, Educação, Mineração e Transportes.

Ministramos palestras, formação, sobre a importância do cooperativismo nas sociedades, gestão de Cooperativas, em vários Municípios, incluindo algumas províncias, tudo de forma gratuita, por entendermos, que não será possível implementar um sector do cooperativismo forte no país, sem um know-how, ou seja, os seus actores, devem ter um entendimento, de como funciona o cooperativismo e como ele pode mudar a vida socioeconómica das comunidades, seguindo os princípios básicos do cooperativismo.

Não estamos a falar da forma como as cooperativas funcionam em Angola, onde o presidente de uma Cooperativa, pensa que é seu dono. Não senhores. O cooperativismo foi criado para melhorar as actividades socioeconômicas dos seus membros. As cooperativas não têm um dono, ou seja, elas pertencem a todos os seus membros.

Em 2021, criamos um projecto para a juventude, denominado: Projecto Jovem Agricultor.

Apresentamos o projecto a um ex-Administrador do FADA, pelo que manifestou interesse em implementar o mesmo nas 18 províncias.
O projecto foi entregue à Direção do CNJ, para esta, por sua vez, actuar como mentora e nós, como Gestores do mesmo. Hoje, mal ou bem fala-se do mesmo. Centenas de jovens que participaram em palestras, em mais de 6 províncias por onde passámos, pouquíssimos foram contemplados. Os Administradores do FADA, incluindo o seu ex-PCA, que são servidores públicos e que foram nomeados para fazer funcionar aquela instituição estatal, controlada pelo Ministério das finanças, pouco interessam-se e nada têm a dizer sobre o projecto. Afinal, são jovens de famílias pobres, que não são tidos nem achados. A minha humilde pergunta é a seguinte: onde foi parar o pacote disponível avaliado em Kz 1.800.000.000 (Um bilião e oitocentos milhões de Kwanzas) que vocês anunciaram no acto da assinatura do Memorando de entendimento, transmitido pela televisão pública de Angola, jornais, etc?

Não perdendo o foco e a vontade ardente de contribuir para o desenvolvimento do nosso país, em 2022, criamos a Cooperativa de Jovens Empreendedores de Angola, criamos igualmente o Projecto Jovens Empreendedores, criamos o PROCOOB – Programa de Desenvolvimento de Cooperativas do Bengo, com foco nos mais variados ramos do Cooperativismo. Criamos projectos de Cooperativas para Mulheres Empreendedoras, levamos estes projectos ao Ministério da Juventude e Desportos, reunimos com os dois Secretários de Estado, o actual e o anterior, sob orientação da Senhora Ministra, onde tudo não passou de promessas vazias.

Endereçamos cartas a anterior e a actual Governadora da Província do Bengo. A anterior, nem se deu o trabalho de nos responder. A actual Governadora, orientou o seu vice para a área económica, para nos receber, pelo que devemos admitir, foi cortez e peremptório, afirmando inclusive que os jovens, precisam de ser inseridos em projectos como estes.
A actual Governadora do Bengo, no seu discurso inaugural, afirmou que os jovens devem ser inseridos em Cooperativas multissectoriais, para que possam ter uma actividade económica e gerar renda. Senhora Governadora, nós levamos o know-how, levamos um projecto e apresentamos por via de uma missiva e a senhora Governadora, até hoje, nem se deu o trabalho de nos responder. É lamentável. É uma realidade muito triste para o nosso país. Quando a Senhora tem na sua Província, milhares de jovens à espera de oportunidades como estas.


O que custava a senhora Governadora, tentar? Tentar apenas. Nem tudo se resolve com milhões de dólares.

Reunimos com o Gabinete Provincial da Ação Social e Promoção da Mulher, da Província Bengo, para implementação do Projecto Mulher Empreendedora. Reunimos com o 1º Secretário da JMPLA, que orientou o seu pessoal presente na reunião para dar seguimento, e estes, por sua vez, atenderam duas chamadas e depois deixaram de atender e de responder às mensagens. Até parece um código interno, de “abandalhar” todos aqueles que não fazem parte do seu inner circles. São todos assim, todos agem da mesma forma nos diferentes órgãos/Instituições por onde passamos. Surpreende pela negativa o comportamento dos nossos dirigentes, na sua maioria. São completamente desmotivadoras estas atitudes, para um Executivo que queira fazer diferente. Desse jeito, não tem como ajudar o Líder, aliás, mancha a sua imagem.

No final do ano transacto, já com parcos recursos para continuar a trabalhar, endereçamos um ofício ao Conselho da Administração da Sonangol, solicitando computadores e uma viatura segunda mão, para facilitar a chegar nos Municípios mais remotos do país, no âmbito do nosso projecto social ministrando palestras sobre a Importância do cooperativismo nas Comunidades, Gestão de Cooperativas e empreendedorismo, pelo que fomos recusados. Hoje, nos deparamos com notícias de bilhetes de passagens em classes Executivas para a família do PCA, pagos com dinheiro da Sonangol, que é dinheiro do país, que pertence a todos nós mas que a nós, nos foi dito que não há dinheiro.

Será que somos menos angolanos? Aqueles que deviam se beneficiar com este projecto, não merecem ter um destino melhor que o actual? Pedimos inclusive que a Sonangol, fiscalizasse as nossas actividades, para ter certeza do destino do dinheiro. Mesmo assim, acharam que não somos angolanos o suficiente.

Como é possível compreender, que um Engenheiro da própria Sonangol, se interesse pelo projecto e dá um patrocínio de Kz 1.000. 000 (Um milhão de Kwanzas), e a Sonangol, como uma Instituição do seu quilate, não consegue ajudar com equipamentos e uma viatura, até mesmo de segunda mão, para um projecto sem fins lucrativos?

Por último, mas não menos importante, há meses que fazemos contactos para uma audiência com sua Exa. Governador de Luanda, sem sucesso. Endereçados uma mensagem no seu Facebook, como via alternativa, há uma semana e estamos a aguardar pacientemente.

Não vamos desistir do nosso país por causa daqueles que ocupam lugares decisivos mas que não estão comprometidos com o desenvolvimento do país. Apenas pensam nos seus bolsos e mandam lixar tudo resto. Não vamos voltar a emigrar. Vamos morrer aqui, tentando até ao fim, para deixar uma pátria melhor para os nossos filhos, netos e bisnetos.

Paz e amor, para um país que tem tudo para se tornar próspero.

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