Luanda - A consultora BMI, do grupo Fitch Solutions, antecipa que a moeda nacional vai continuar a depreciar-se durante o resto do ano, "caindo mais 16,8% do ponto médio de 830 kwanzas por dólar, para 1.000 kwanzas por dólar.


Fonte: Novo Jornal

Os analistas prevêm agora uma recessão económica em Angola este ano, com uma queda de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Na manhã desta segunda-feira, 17, uma nota de dólar custa 823,7 kwanzas, enquanto 1 euro vale 924,7 kwanzas, de acordo com a taxa de câmbio média do BNA.

Para a BMI, a desvalorização do kwanza nos últimos meses deve-se sobretudo a três factores: o final da moratória de três anos sobre a dívida chinesa, que terminou no primeiro semestre deste ano e coloca pressão sobre as reservas em moeda externa, a queda das receitas petrolíferas devido à redução de preços e produção, e os cortes na taxa de juro entre Janeiro e Junho, para 17%. A consultora prevê que no próximo ano o kwanza venha a estabilizar à volta deste câmbio, com uma ligeira subida no preço mundial do petróleo e uma taxa mais baixa de queda da produção petrolífera.

"A forte exposição de Angola à volatilidade externa que afecta o sector petrolífero apresenta um risco de depreciar o kwanza ainda mais do que as previsões", alertam os analistas. Em 2024, segundo a BMI, o kwanza deverá estabilizar-se, terminando nos 1.010 kwanzas por dólar no final do ano, principalmente devido a uma ligeira subida nos preços do petróleo e a uma taxa mais lenta de declínio da produção de petróleo.

O comentário especificamente sobre a evolução do kwanza surge poucos dias depois da revisão da perspectiva de crescimento, com os analistas da BMI a preverem agora uma recessão económica em Angola este ano, com uma queda de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB).

"Prevemos que o PIB real vá contrair-se 0,7% em 2023, depois de uma expansão de 3,1% em 2022, o que é uma revisão em baixa face à nossa anterior previsão de 1,8%", declaram.

Os analistas explicam que "esta revisão reflecte largamente o impacto da forte desvalorização do kwanza em Junho", e acrescentam que "o aumento da inflação vai impactar no consumo das famílias e no investimento das empresas, o que coloca ainda mais pressão descendente na actividade económica do setor petrolífero".