Luanda - Angola é uma nação com um passado marcado por lutas pela independência e pela consolidação de sua soberania. Desde a independência, em 1975, o país tem sido liderado predominantemente por dois grandes partidos: o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). No entanto, a estagnação econômica e a necessidade de uma maior abertura democrática têm deixado claro que é chegada a hora de os jovens angolanos construírem uma Terceira Via política, que se distancie das polarizações do passado e abra caminho para uma verdadeira transformação econômica e democrática do país.
Fonte: Club-k.net
O MPLA e a UNITA são partidos históricos que desempenharam papéis cruciais na libertação de Angola do jugo colonial e, posteriormente, no período da guerra civil que assolou o país. Embora tenham contribuído para momentos importantes da história angolana, a longa permanência desses partidos no poder também trouxe consigo desafios significativos.
Após décadas de governação, ambos os partidos têm sido alvo de críticas por parte da população, especialmente dos jovens, que anseiam por uma mudança real. O MPLA, como partido no poder, enfrenta acusações de corrupção, falta de transparência e má gestão dos recursos naturais do país. Por outro lado, a UNITA, como principal partido de oposição, também não tem conseguido apresentar-se como uma alternativa consistente, muitas vezes recorrendo a uma retórica de confrontação em vez de uma proposta de soluções efetivas.
A construção de uma Terceira Via política torna-se imperativa para romper com esse ciclo político vicioso e dar lugar a uma nova abordagem à governação de Angola. Os jovens têm o poder de liderar essa mudança, visto que representam uma parcela significativa da população angolana e têm uma perspectiva mais conectada com os desafios atuais e futuros do país.
Uma Terceira Via deve se distanciar das disputas partidárias do passado e, em vez disso, focar-se em pontos de convergência entre diferentes visões políticas e sociais. Ela pode surgir como um movimento cívico inclusivo, composto por jovens, acadêmicos, empresários, líderes comunitários e outros membros da sociedade civil engajados.
Para que a Terceira Via se torne uma realidade concreta, é essencial criar uma plataforma de convergência onde sejam discutidos pensamentos e propostas políticas inovadoras e pragmáticas. Essa plataforma deve ser aberta, transparente e receptiva a todas as vozes, independentemente de filiação partidária.
Um espaço de diálogo e debate que permita aos jovens compartilhar suas ideias, experiências e preocupações, com o objetivo de formular políticas que enderecem as questões mais prementes de Angola: a diversificação econômica, a criação de emprego, o acesso à educação e saúde de qualidade, o combate à corrupção e a promoção da justiça social.
Enquanto os jovens lideram a construção da Terceira Via, o envolvimento da velha geração política também é importante. Esses líderes têm uma vasta experiência na governação do país e, ao participarem desse processo de transformação, podem desempenhar um papel crucial na transição para uma nova era política.
No entanto, é vital que essa velha geração reconheça a necessidade de mudança e esteja disposta a trabalhar em prol do bem comum, colocando os interesses do país acima das disputas partidárias. Um consenso ou um pacto de regime entre os atores políticos estabelecidos, pode ser uma maneira de garantir que a transição ocorra de forma pacífica e orientada para o desenvolvimento do país.
A construção de uma Terceira Via política não será isenta de desafios. É possível que as estruturas políticas estabelecidas resistam à mudança e tentem manter o status quo. Além disso, as divergências ideológicas e a desconfiança entre os atores políticos podem dificultar o processo de convergência.
No entanto, é fundamental acreditar que essa transformação é possível e que os jovens angolanos têm o poder de liderá-la. Com uma plataforma de convergência política bem estruturada e um envolvimento comprometido da velha geração política, é possível superar esses desafios e avançar rumo a uma Angola mais próspera e democrática.
Em conclusão, a construção de uma Terceira Via política é a resposta necessária para os desafios que Angola enfrenta atualmente, pois os jovens têm o potencial de serem agentes de mudança e de liderarem esse processo transformador. Uma plataforma de convergência política inclusiva, que abrace uma ampla gama de pensamentos e propostas, será o alicerce dessa jornada rumo a uma nova democracia e ao desenvolvimento econômico de Angola.
É chegada a hora de os jovens angolanos se unirem, deixando de lado as divisões do passado, e trabalharem juntos para construir um futuro melhor para sua nação. Com determinação, visão e diálogo, a Terceira Via política pode se tornar uma realidade, trazendo esperança e progresso para todo o povo de Angola.
Emerson Sousa (Menakuntuala).
Escritor e Analista Político.