LUANDA — Dez das maiores empresas públicas angolanas estão em falência técnica, revela um o relatório do Departamento de Acompanhamento das Empresas Públicas do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado,(IGAPE) apresentado recentemente pelo seu responsável, Ednilson Sousa.

Fonte: VOA

Aquele funcionário governamental precisou que as capitalizações às empresas do Setor Empresarial Público (SEP) atingiram os 422,1 mil milhões de kwanzas (510 milhões de dólares americanos), em 2022.

 

A lista das empresas em falência técnica é liderada pela Companhia de Bioenergia de Angola (Biocom), com 320,74 mil milhões de kwanzas (390 milhões de dólares), seguida pela Empresa Nacional de Distribuição de Eletricidade (ENDE) com 127,93 mil milhões de kwanzas (150 milhões de dólares), o grupo Zahara com 77,25 mil milhões de kwanzas (93 milhões de dólares), a Angola Telecom com 75,14 mil milhões de kwanzas (91 milhões de dólares), e a TPA com 21,48 mil milhões de kwanzas (25 milhões de dólares).

 

A ENDE lidera a lista das empresas do SEP com maiores prejuízos em 2022, o Banco de Poupança e Crédito (BPC), maior banco de capitais públicos, é o segundo da lista com prejuízos de 120,4 mil milhões de kwanzas (144,9 milhões de dólares). As duas instituições públicas estão em falência técnica. Economistas consideram não haver justificação para que tal aconteça e admitem a falta de capacidade de gestão dos gestores públicos.

 

O economista e especialista e gestão de empresas , Estévão Gomes diz que empresas como e ENDE e a Biocom não têm motivos para em falência técnica e sugere que a empresa pública de electricidade devia publicar periodicamente “demonstrações dos resultados”.

 

“ A ENDE é uma empresa do Estado que arrecada receitas para se manter auto-sustentada. O problema está nos gestores e o governo tem de mudar de estratégia em relação às empresas pública que gerem receitas para o Estado”, defendeu.

 

Por sua vez, o académico João Maria Chimpolo, aponta a falta de transparência na gestão dos empresas públicas e sugere que muitas delas já não têm razão de existir como públicas.

 

“Estas empresas nunca trabalharam com dinheiro próprio e agora estão a demonstrar a sua realidade”, disse.

 

Dados apesentados à imprensa em Junho deste ano apontavam que a dívida de clientes da ENDE estava avaliada em 211 mil milhões de kwanzas (25 milhões de dólares) e que até ao final do ano passado, a empresa registou uma dívida estimada em 209 mil milhões de kwanzas (25 milhões de dólares), repartidas pelas 18 províncias.

 

Neste processo de devedores, as instituições públicas destacam-se entre os elevados números, com um total de mais de 34,9 mil milhões de kwanzas (42 milhões de dólares).

 

Da lista das empresas com prejuízos constam ainda a Biocom com 35,5 mil milhões de kwanzas (42,6 milhões de dólares), seguida dos Caminhos de Ferro de Benguela (CFB) com prejuízos de 14,6 mil milhões de kwanzas (17,4 milhões de dólares), da Televisão Pública de Angola (TPA) com 13,7 mil milhões de kwanzas (16,3 milhões de dólares), e da Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL) com 12,5 mil milhões de kwanzas (15 milhões de dólares).

 

O grupo Zahara com 11,4 mil milhões de kwanzas (12,6 milhões de euros), a Empresa Nacional de Navegação Aérea (ENNA) com 5,2 mil milhões de kwanzas (5,7 milhões de euros), a Sociedade Gestora de Aeroportos (SGA) com 4,3 mil milhões de kwanzas (4,7 milhões de euros), e a Aldeia Nova com 1,8 mil milhões de kwanzas (1,9 milhões de euros) completam o quadro do SEP com maiores prejuízos em 2022.

 

O BPC foi a instituição pública com maior capitalização, em 2022, com 80,41 mil milhões de kwanzas (89 milhões de euros), seguido da TAAG com 39,11 mil milhões de kwanzas (35,5 milhões de euros).

 

A Empresa de Produção de Eletricidade (Prodel), a ENDE, a Empresa de Águas, a Rede Nacional de Transporte (RNT), o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) e a Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama) estão também na lista das mais capitalizadas pelo Estado em 2022.

 

Em 2020, as capitalizações ao SEP atingiram 206,3 mil milhões de kwanzas (228 milhões de euros), em 2021 foram de 168,1 mil milhões de kwanzas (186 milhões de euros) e em 2022 atingiram 422,1 mil milhões de kwanzas.

 

A televisão estatal angolana lidera ainda a lista de empresas do SEP que beneficiaram de subsídios operacionais, em 2022, tendo encaixado, neste período, 10,65 mil milhões de kwanzas (11,7 milhões de euros), seguida da Rádio Nacional de Angola (RNA) com 8,81 mil milhões de kwanzas (9,7 milhões de euros).

 

As Edições Novembro, empresa que detém o Jornal de Angola, Jornal dos Desportos, Jornal Economia e Negócios e demais títulos, a Agência Angolana de Notícias (Angop), a TV Zimbo, recuperada pelo Estado, o CFB e o Caminho de Ferro de Luanda (CFL) também figuram de lista de beneficiários de subsídios operacionais.