Luanda - Partindo da mais clara ideia de que os BRICS é uma organização política e econômica de países de economia emergente (passo o pleonasmo) incluído (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A pretensão de Angola em infiltrar-se neste mesmo grupo tem contornado opiniões de vários analistas até ao momento. Entretanto, esta mesma ideia levanta expectativas sobre como saltaria a política externa de Angola de uma realidade para a outra face à sua integração aos BRICS, e também como Angola estaria em termos de desenvolvimentos econômicos face à essa mesma integração.
Fonte: Club-k.net
Mas, para não ter de pisar na mesma lama que os demais analistas, que já abordaram a respeito do Trampolim de Angola em termos de desenvolvimentos econômicos, neste artigo tentarei abordar de uma maneira expetante sobre como seria encarada a política externa de angola face à sua integração.
Aos longos dos tempos a politica externa de Angola tem sido encarada de uma maneira credível (embora laqueando atualmente nalguns aspectos e situações). Porém, importa aqui destacar que desde a sua participação nos primeiros objetivos dos “Países da linha da frente”(1948-1992 terminado com o acrônimo atual “SADC”), que Angola sempre tentou mostrar a sua presença e bravura nas questões que ligavam intrinsecamente aos seus interesses, e na época, inicialmente caminhando junto de Moçambique, Botsuana e Tanzânia para ao alcance da autodeterminação e independência dos países- irmãos como à África do Sul e do Rodésia do sul( atual Zimbabué) lutando contra o regime do Apartheid(regime segregacionistas).
Após consumarem-se os objetivos, isto em (1988 com a rendição das forças armadas da África do sul do apartheid) e tendo suportado as situações as quais foram condicionados a enfrentar nos períodos sangrentos que marcaram esta mesma empreitada, a política externa desses países e particularmente de Angola via-se a ganhar uma certa visibilidade no teatro internacional.
A derrota do apartheid no campo militar na Batalha de KuitoKuanavale foi fundamental para a eliminação do regime de segregação racial na África do Sul e a independência da Namíbia, ocupada pela África do Sul, desde 1915, por meio de um acordo da então Liga das Nações. A derrota sul-africana no conflito constituiu uma virada geopolítica na África Austral, abrindo caminho para outros acordos, como: entre o regime do apartheid e Cuba, para a retirada de suas tropas de Angola; para o fim da guerra fronteiriça promovida pela África do Sul; acordos de Nova Iorque foram levantados para a paz na África Austral, assinados na sede das Nações Unidas, para a implementação da Resolução 435/78 do Conselho de Segurança da ONU sobre a Namíbia; para a eliminação do sistema do apartheid e consequente redução dos conflitos na região.
Aproveitando o ensejo, a partir deste retrocesso feito, também fica claro notar que a política externa de Angola não vai cair de paraquedas face à sua adesão aos BRICS, tendo em conta as pegadas que esta já vem deixando no cenário político internacional, mas que apenas a sua adesão ao BLOCO traria à si mais uma certa visibilidade.
Em retrocesso a pergunta de partida deste artigo, como então alavancaria a politica externa de Angolana face à sua integração aos BRICS? Para tal passo a citar alguns elementos;
1- Crescimento em Diplomacia e cooperação Internacional- Ao se juntar aos BRICS, Angola teria a chance de ampliar a sua influência no cenário diplomático global. De certeza que o país poderá participar de negociações multilaterais de forma mais proeminente e colaborar em questões relacionadas à paz e segurança e trabalhar em conjunto com outras nações em desenvolvimento para promover seus interesses. No entanto, não se descarta a possibilidade de que Angola também precisaria equilibrar as suas prioridades regionais e continentais com as demandas do grupo BRICS.
2- Estratégia e posicionamento Global- A adesão aos BRICS poderia dar Angola um espaçozinho para definir seu papel estratégico no âmbito internacional. Isso poderia envolver a busca por maior autonomia política e redução da influencia de potencias tradicionais. No entanto, essa mudança também poderia gerar alguns atritos com outros parceiros estratégicos e vai exigir do nosso país algumas manobras delicadas
3- Desafios potenciais- É importante reconhecer que a adesão de Angola aos BRICS não seria sem desafios internos e posteriormente externos para Angola. Nos elementos endógenos Angola precisaria reestruturar as políticas internas e melhorar o modo de liderança de modos a fortalecer as instituições afim de se alinhar mais perto das exigências do referido Bloco.
Em conclusão, devo dizer que a adesão de Angola aos BRICS torna- se ainda uma questão expetante para todos nós e continua a levantar uma série de questões entre os analistas sobre como a política externa de Angola alavancaria e como o país em si estaria em aspectos económicos. Certamente que a decisão exigiria um equilíbrio cuidadoso entre a busca de benefícios tangíveis e a preservação da autonomia e diversidade de relações.
Afonso Botáz- Acadêmico e Analista