LUBANGO — O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) vai impulsionar no presente ano a criação nos órgãos de comunicação social públicos e privados dos chamados conselhos de redação, uma estrutura protegida pela lei de imprensa em vigor que visa a salvaguarda da independência editorial.

Fonte: VOA

Para dar corpo a esta intenção, um ciclo de formação dirigida aos profissionais da classe e gestores de órgãos foi iniciado recentemente pela organização, ao que se seguirá um calendário para a implementação da referida estrutura.

Numa altura em que a mídia de modo geral e a pública em particular é bastante criticada por em muitos casos ignorar o contraditório na divulgação de determinadas matérias por conta da censura e interferência no exercício da profissão, o secretário-geral do STJ, Teixeira Cândido, acredita que a coragem dos profissionais será determinante para se dar este passo.


“É determinante exatamente que os colegas tenham coragem de exercer um direito que a lei lhes confere. Não é uma atividade subversiva, não é nada próximo. Se os jornalistas não têm coragem para poder exercer um direito, então não temos direito de exercer a profissão porque só faz sentido exercermos a profissão se nós tivermos conforto emocional e tivermos conforto para exercermos a profissão mesmo. É que nós não podemos nos conformar com o fato de nós não podermos divulgar matérias de interesse público simplesmente porque alguém acha que esta matéria não pode passar, isto não é jornalismo”, diz Cândido.

Ouvido pela Voz da América, o delegado do Jornal de Angola na Huíla, Estanislau Costa, sem se referir da possível abertura da estrutura no órgão que dirige, reconheceu que os conselhos de redacção vão impulsionar a atividade jornalística.

“Com os conselhos de redação estaremos próximos a criar condições que diversifiquem a atividade, a criar temas que reflitam de fato aquilo que os ouvintes, os telespetadores e os leitores querem estaremos próximos das tais temáticas”, reconhece Costa.

Para o jornalista João Katombela, a medida acertada, que na sua opinião pode encontrar alguma resistência na sua implementação, vai exigir organização dos jornalistas e dos próprios órgãos de comunicação social.


“Nada é difícil se houver organização. Poderá não ser alcançado se as próprias empresas não estiverem organizadas. Vamos supor que um jornalista que faça parte desse conselho de redação não conheça a sua linha editorial, não leu nunca viu, portanto, é preciso que primeiro se organize as empresas para que depois se venham a criar estes conselhos de redacção”, alerta Katombela.

Entre as atribuições dos conselhos de redacção estão a observância do rigor e isenção da informação e a garantia junto dos jornalistas do caráter vinculativo da orientação editorial do órgão.