Luanda - A fundadora e presidente da “Graça Machel Trust” e da Fundação para o Desenvolvimento das Comunidades, Graça Machel, defendeu nesta Sexta-feira, 08, na província de Benguela, que a segurança alimentar e nutricional tem de ser a “prioridade número um” do poder público e do sector privado.

Fonte: Forbes

“A segurança alimentar pode até existir para pessoas da classe média, mas, à medida que vamos descendo, a questão da segurança alimentar e nutricional tem de se transformar numa prioridade número um, não só dos poderes públicos, mas também uma preocupação permanente do sector privado”, advogou a moçambicana que está entre as 100 mulheres mais influentes do mundo, ao decertar o tema “Impacto Social do Fomento Agrícola e a Liderança da Mulher Africana Empreendedora”, durante a conferência internacional sobre o sector primário, promovida pelo grupo Carrinho, iniciada hoje.

No evento que decorre até este Sábado, 08, no âmbito das celebrações do trigésimo aniversário do grupo Carrinho, Graça Machel considerou que uma alimentação nutritiva “pode se chamar um direito humano”, na medida em que permite que todos os outros direitos sejam exercidos. “Para se ter saúde precisas de uma boa alimentação, para teres educação precisas ter uma alimentação adequada.

Até para o desenvolvimento intelectual completo, para termos potencialidades para usar sem limites o nosso cérebro é preciso termos nutrientes desde pequenos. Portanto, a questão da segurança alimentar e nutricional é um direito humano de todos os outros direitos. Por isso merece ser a prioridade número um no meu entender”, reiterou.

Entretanto, a activista pelos direitos humanos e líder política, adverte que nenhum país conseguirá alcançar a segurança alimentar, “enquanto não tiver estratégias muito claras para que cada agregado familiar tenha condições para produzir o mínimo para a sua alimentação, durante 365 dias, com nutrientes”.

Graça Machel enalteceu a “Visão 2030” do grupo Carrinho para Angola que com a apresentação do Estudo sobre a Auto-suficiência alimentar, encomendado pela referida empresa, são os principais motes da conferência.

“Aceitei vir aqui porque este grupo foi construído por uma alma de mulher que, como eu e como muitas outras mulheres africanas, é filha de camponeses. A sua origem social nunca poderia ter dado a expectativa de que ela poderia construir o império que hoje nós estamos a celebrar. E a minha presença é sobretudo para lhe prestar homenagem e para lhe dizer quão milhões de mulheres têm apreendido com ela”, realçou, referindo-se a Leonor Carrinho, a senhora que, em 1993, fundou o grupo Carrinho.

Graça considera a angolana “uma referência, não só de África, mas no mundo”, e uma prova de que a origem social não define o destino das pessoas. “Não há sonho, por maior que seja, que não se possa realizar. Quando há determinação, há visão, há garra no dia-a-dia, é possível sim realizar aquilo que à primeira vista parece impossível”, sublinhou.

Segundo contou, ao familiarizar-se com o grupo Carrinho, muitos dos seus princípios orientadores falaram com a sua experiência.

“Falaram também com aquilo que tem sido a minha história de vida, ao tentar contribuir para que milhares de famílias, no caso moçambicanas, mas não só, milhares de africanos tenham a coragem e a determinação de fazerem o impossível e de mostrarem que não há limites para aquilo que o potencial de uma mulher pode atingir”, disse a mulher que já foi Primeira-dama de dois países, fruto do seu casamento com o primeiro Presidente de Moçambique, Samora Machel, e depois com o primeiro Presidente negro da África do Sul, Nelson Mandela.