Luanda - Ouvimos recentemente o anúncio sobre a morte do ex líder do grupo Wagner denominado Prighozin, num acidente aéreo no território russo (embora que para mim a sua morte ainda espelha uma incerteza política).
Fonte: Club-k.net
Passados alguns dias, ouve-se um outro anúncio de que no volante da liderança do grupo Wagner reascendeu um antigo militante chamado Anton Elizarov apelidado por “Lotus” o seu currículo chegou a convencer vários analistas porque o mesmo liderou o ataque a Backmut e foi responsável pela conquista de soledar, na região de donetsk durante o final de 2022. E também chegou a combater na síria, na república centro Africana e na Líbia.
Sabe-se que também ele ostenta o título de herói da Rússia por ter servido já de costas largas em muitos combates para o malogrado Prighozin.
As suas capacidades de liderança fizeram com que ascendesse ao comando 10o na brigada de forças especiais separada em Molkino. Durante o comando desta força, ele ganhou a sua primeira experiencia em combate, no norte do Cáucaso. Em 2014, quando a guerra no donbass estavas prestes a espumar, a carreira de Elizarov sofreu um golpe não calculado, o militar foi acusado de fraude na aquisição de um apartamento do Estado, após fornecer documentos falsos. O tribunal lhe considerou culpado e lhe condenou a três anos de prisão com uma multa de 100mil rublos (quase mil euros). O militar ainda chegou a processar o ministério da defesa, mas perdeu e acabou por ser despejado em 2016.
Com a sua figura reservada e com pouca exposição mediática, esconde uma longa carreira militar de sucesso manchada de corrupção e muita violência, sabe-se que nasceu em 1981, na região de Rostov, e formou-se na escola militar de Guardas Ulyanovsk, em 1998. Daí seguiu para uma das unidades de elite do exército russo, para escola superior de comando aerotransportado de Ryazann. Foi destacado na 7o divisão de assalto aéreo de guardas em novorossysk, onde comandou uma campanha.
Entretanto, após a caída do ex líder do grupo Wagner no território Russo, ao olhar público parecia que o grupo acabava por ficar sem chão, e para outros, parecia ser mesmo o início da sua extinção. Porém, agora com a ascensão deste suposto especialista em combate nasce uma certa curiosidade de que será ele uma nova esperança para sobrevivência contínua do grupo? Ou é apenas o próximo prato na mira da refeição?
Mas, para não parecer pessimista por ser cedo demais para tirar conclusões precipitadas e negativas, vou preferir olhar ainda para os aspectos positivos para o grupo Wagner face à ascensão de um líder como tal;
1-Reformas na liderança e novos paradigmas de ação- Pelo simples facto deste ser bem treinado e possuindo um currículo pesado, ao meu ver isto pode ajudar a trazer reformas nas antigas estratégias do grupo, permitindo assim delinear novas estratégias de atuação e aplicando-se reformas nos paradigmas obsoletos.
2- Treinamento e segurança- Certamente que o grupo ainda continuará a lutar com questões de segurança. Entretanto, sendo ele um militar de grande porte pode levar à mesa conhecimentos valiosos sobre proteção e segurança.
3- União e prudência nas ações- A experiência militar frequentemente enfatiza o trabalho em equipe, o que agora, com a morte do prighozin fica claro notar que as locomoções do grupo daqui para diante serão calculadas com prudência.
No entanto, é importante também referenciar que o seu assentar na cadeira da liderança pode levar ainda algum tempinho para alicerçar a confiança no interior do grupo ,porque nem todos os grupos podem se beneficiar da presença de um militar profissional de carreira, e as habilidades e experiencias especificas de cada individuo podem variar, porém, é ainda necessário avaliar também como essas habilidades se alinham com a necessidades e metas do próprio grupo.
Afonso Botáz- Acadêmico e Analista