Luanda - Em meio ao cenário político de Angola, marcado por uma história complexa e desafios contínuos, emerge a necessidade premente de uma reflexão profunda por parte da juventude angolana. É hora dos jovens olharem para além das agendas partidárias, transcenderem os extremos e abraçarem uma visão democrática e pluralista para o futuro do país.

Fonte: Club-k.net

Muitas vezes, os jovens se deixam envolver pela fértil polarização partidária que historicamente tem caracterizado a política angolana. As agendas partidárias são poderosas, e os líderes políticos frequentemente competem pelo apoio da juventude, apresentando promessas sedutoras e visões que parecem oferecer soluções instantâneas (nomeações e cargos).

Mas é preciso questionar: até que ponto essas agendas partidárias realmente atendem aos interesses da juventude e do país como um todo?

Neste contexto, é vital que os jovens angolanos se questionem sobre o que Angola realmente precisa. Quais são os desafios estruturais que o país enfrenta, e como podemos trabalhar juntos para superá-los? É imperativo que a juventude olhe para além das promessas eleitorais e se concentre em construir uma Angola mais justa, próspera e inclusiva.

Hoje faz muito sentido o repto deixado por Nelson Mandela "A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, pois essa frase ressoa especialmente em um momento em que os jovens angolanos têm acesso a informações e oportunidades educacionais como nunca antes, mas escusam de usá-la de forma eficaz e transformadora. A busca pelo conhecimento político, econômico e social é a chave para que a juventude possa liderar a mudança que Angola tanto precisa.

Reconhecemos mérito em alguns líderes partidários da nova geração, por exemplo a forte capacidade de mobilização do Nelito Ekuikui por um lado e a capacidade intelectual do Tito Cambanje do outro lado, mas devemos reconhecer que ambos têm discursos extremos e pouco solucionais.

Uma das tristes realidades da política angolana é a intolerância que frequentemente se manifesta entre apoiadores de diferentes partidos, onde jovens se digladiam para mostrar obediência e subserviência aos dirigentes, chegando mesmo a atacar outros jovens, por terem visões e opiniões diferentes. A polarização extrema, em que os pontos de vista são rigidamente segregados, não serve aos interesses do país…. Angola é muito mais do que isso!

Perguntar-se se essa divisão é realmente benéfica é um passo importante para uma política mais saudável e produtiva, até porque, é dessa forma que iremos fortalecer o debate político nacional. É hora dos jovens angolanos liderarem o caminho da construção de plataformas de discussão que promovam o diálogo e a colaboração, que possam transcender as fronteiras partidárias, incentivando a diversidade de opiniões e a busca de soluções conjuntas.

A democracia prospera quando os cidadãos se envolvem ativamente, independentemente de sua afiliação política. Angola tem sido historicamente dividida entre a UNITA e o MPLA, mas é chegada a hora de olharmos para um futuro em que a unidade prevaleça sobre a divisão partidária. É possível construir uma Angola onde todas as vozes são ouvidas e onde as políticas são moldadas com base em evidências, em vez de em agendas partidárias rígidas.

O futuro de Angola repousa nas mãos da nossa juventude. É um futuro que exige uma abordagem mais aberta, inclusiva e reflexiva para a política. Ao pensarem em Angola além das fronteiras partidárias, os jovens podem desempenhar um papel fundamental na construção de um país mais próspero e harmonioso.

Agora é o momento de abraçar essa responsabilidade, questionar as narrativas políticas simplistas e trabalhar juntos para forjar um futuro melhor para todos os angolanos. A diversidade de opiniões é uma força, e é hora de usá-la para o bem comum.

Emerson Sousa.
Escritor e Analista político.