Luanda - Um jovem de 22 anos, identificado por Alves Benjamin foi morto a tiro por agentes da Polícia Nacional de Talatona, supostamente mandatados pelo comandante municipal, subcomissário Joaquim do Rosário, para proteger uma parcela de terra de 105 hectares, que altas patentes teriam vendido a um empresário chinês, dono da empresa HS.

Fonte: Club-K.net

Tudo aconteceu na manhã de sexta-feira, 15, após os camponeses terem retornado na quinta-feira, 14, ao terreno em litígio, isso depois das diligências que foram feitas junto do Governo Provincial de Luanda (GPL), que terá permitido que a retomada do espaço alegadamente vendido aos chineses acima de 500 milhões de kwanzas, no Distrito Urbano da Cidade Universitária, no município do Talatona, na capital do país.

 

Segundo testemunhas ouvidas pelo Club-K no local, o jovem foi baleado com um tiro na região do abdómen disparado por efectivo da Polícia do Comando Municipal do Talatona, quando os agentes “orientados” pelo seu comandante Joaquim do Rosário entraram no mesmo terreno e escorraçaram as camponesas afectas à Sociedade “Konda Marta”.

 

Após a expulsão com o lançamento de gás lacrimogéneo e agressões contra os camponeses, na sua maioria senhoras idosas, os agentes da corporação encerraram os dois portões do terreno vedado pela empresa HS e as vítimas permanecem fora do recinto”.

 

Já com um clima menos agitado e com os agentes da Polícia Nacional no interior do terreno, os trabalhadores da HS exerciam com normalidade os seus trabalhos, até que um dos funcionários decidiu caminhar alguns metros do local da sua jornada laboral, e ao ser visto por um dos agentes armados, disparou à queima-roupa contra Alves Benjamin, que teve morte imediata.

 

O Serviço de Investigação Criminal (SIC) foi acionado e o corpo foi removido para a morgue do Hospital Josina Machel (Maria Pia), sem o conhecimento da família, que ficou à procura do jovem.

 

Como forma de ocultar o crime praticado, as autoridades alegam que Alves Benjamin foi baleado por um segurança da empresa HS, quando tentava roubar um aparelho de ar condicionado, argumento refutado pelos familiares que contam que o seu parente foi morto pela polícia com o passe do serviço pendurado momento depois de ter almoçado.

 

Os familiares exigem que se faça justiça e que os culpados sejam responsabilizados criminalmente.

Camponeses corridos com tiros e gás lacrimogêneo

Os camponeses da empresa “Konda Marta”, que reclama a titularidade do terreno, foram dispersos pela Polícia Nacional. Segundo contaram, o comandante de Talatona, Joaquim do Rosário esteve no local e que em “viva voz dava orientações para correr com as senhoras”. “Ele garantiu que mataria três a quatro senhoras, por isso os agentes nos batiam e arremessavam cada vez mais as bombas de gás tóxico”, disse uma das senhoras.

 

O porta-voz dos camponeses, Daniel Afonso Neto lamentou que “enquanto pensamos que estamos a ser protegidos pelos órgãos de defesa e segurança, afinal estamos protegidos pelos meliantes escondidos na farda”.

 

Nesse dia, segundo Daniel Neto, depois da retirada das camponesas, o comandante Joaquim do Rosário passou a noite no terreno dando instruções aos afectivos.

 

“Infelizmente acabaram por balear um cidadão nacional trabalhador da empresa do chinês pensando que fosse funcionário da Konda Marta”, lamentou.