Lisboa - Fernando da Piedade Dias dos Santos "Nandó", o dirigente que liderou o parlamento angolano por um total de nove anos (divididos em dois), tem estado a ser encorajado por figuras históricas do MPLA, que o procuram para se apresentar como candidato presidencial ao próximo congresso ordinário do partido no poder e, com isso, constituir-se candidato às eleições de 2027.

Fonte: Club-k.net

GOZA DO APOIO DO GRUPO PARLAMENTAR DO MPLA

Apesar de inicialmente ter-se revelado "reservado", alguns interlocutores que o abordaram terão, agora não só sentido alteração no seu estado de espírito, mas também "motivação" nas suas impressões quanto ao tema.

 

Com forte aceitação no seio do partido e no setor dos órgãos de defesa nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos "Nandó" já foi várias vezes visto como o delfim de Eduardo dos Santos, o então líder que o elevaria para várias funções de número dois no regime.

 

A sua afirmação no regime surgiu no período eleitoral de 1992, em que tinha o controlo dos órgãos de inteligência e Polícia Nacional e se constituiu como o foco da estabilidade no país, por ser ele que enfrentava a UNITA após os confrontos pós-eleitoral.

 

Desde então, passou a ser promovido desde o cargo de comandante geral da PN até Primeiro Ministro e vice-presidente de Angola. Estava automaticamente colocado na linha de sucessão para substituir José Eduardo dos Santos no poder.

 

Fernando Dias dos Santos foi nomeado vice-presidente em 2010, após a aprovação da nova Constituição, e ocupou o cargo até 2012. Nesse período, ele poderia ter assumido a presidência se José Eduardo dos Santos tivesse deixado o poder por algum motivo.

 

No entanto, isso não aconteceu, e Fernando Dias dos Santos voltou a ser presidente da Assembleia Nacional em 2012, após as eleições legislativas que deram a vitória ao MPLA. Nessa ocasião, José Eduardo dos Santos indicou Manuel Vicente, ex-presidente da Sonangol, para ser o seu vice-presidente³. Muitos viram nessa escolha uma tentativa de preparar Vicente para ser o seu sucessor no futuro.

 

Mas, em 2017, José Eduardo dos Santos surpreendeu ao anunciar que não se candidataria à reeleição e que apoiaria João Lourenço, então ministro da Defesa, como cabeça de lista do MPLA. Lourenço venceu as eleições e tornou-se presidente, enquanto Vicente foi descartado. Fernando Dias dos Santos manteve-se como presidente da Assembleia Nacional até 2022, quando foi substituído por Carolina Cerqueira.


De acordo com apurações, tanto a bancada parlamentar do MPLA como da UNITA apreciam "Nandó" e identificam nele sentido de moderação. Alega-se, por exemplo, que quando se ausentava e deixava o seu Vice-Presidente João Lourenço à frente do parlamento, os deputados reclamavam dureza.


Uma eventual candidatura de "Nandó" surge num período em que o parlamento se prepara para debater a destituição do Presidente João Lourenço, por alegada violação das regras do Estado de Direito e Democrático e por traição a pátria. A UNITA, o partido que promove a referida ação alega que Lourenço tem erguido um legado marcado por escândalos de corrupção no poder judicial. Acusam-no de apoiar o Presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo, que está a ser investigado por corrupção, e trafico de sentença.