Lisboa - Um grupo de activistas de direitos humanos está a organizar uma manifestação para sábado contra as detenções “arbitrárias” de elementos da sociedade civil e da igreja católica na colónia de Cabinda.

Fonte: NoticiasLusofonas

O objectivo da manifestação, como revelou em primeira-mão o Notícias Lusófonas no passado dia 18, é protestar conta a detenção “ilegal” de sete ativistas dos direitos humanos de Cabinda elementos do clero local, desde Janeiro passado, na sequência de um ataque armado reivindicado pela Frente de Libertação do Estado de Cabinda - Posição Militar (FLEC-PM) contra os elementos do regime angolano que fazaim a segurança à selecção de futebol do Togo, que resultou na morte de duas pessoas.


Desde 8 de Janeiro estão detidos um advogado, Francisco Luemba, um padre, Raul Tati, um engenheiro, Barnabé Paca Peso, dois economistas, Belchior Tati e António Panzo, um funcionário da petrolífera Cabinda Golf, Andreé Zeferino Puati, e um ex-polícia, José Benjamin Fuca.


Todos os detidos, à excepção do economista António Panzo, são acusados de terem praticado crimes contra a segurança de Estado, tendo no caso de André Zeferino Puati, cujo julgamento deveria ter começado ontem, sido acusado de ter na sua posse o mais subversivo livro da história da humanidade: “O problema de Cabinda exposto e assumido à luz da verdade e da justiça”, de Francisco Luemba.


Recorde-se que o livro em questão, lançado em Portugal (Lisboa e Porto) em 2008 e que tem prefácio do jornalista e nosso colaborador Orlando Castro, foi então completamente ignorado pelos órgão de comunicação social portugueses e angolanos.


Segundo disse à Lusa José Marcos Mavungo, economista de profissão, a manifestação tem ainda como objectivo “exigir um julgamento justo” para os detidos.


“Contamos com o apoio de grande parte da população de Cabinda, porque essa situação das detenções toca a quase todos na província”, disse José Marcos Mavungo, acrescentando que o apoio de delegações das províncias de Luanda e Benguela está garantido.


Sobre António Panzo impende a acusação de crime de propaganda hostil, por terem sido supostamente encontrados na sua residência vários documentos, retirados da Internet, nomeadamente informações veiculados pelo Notícias Lusófonas e pelo blogue Alto Hama.


José Marcos Mavungo referiu que continuam a aguardar um pronunciamento do Governo Provincial de Cabinda em relação à carta em que informam sobre a manifestação, mas adianta que esta deverá ser realizada, com ou sem autorização das autoridades.


“A lei diz que devemos apenas dar a conhecer às autoridades a nossa intenção e não que devemos ter autorização para pô-la em prática. Caso digam que não, trata-se de uma decisão ilegal, porque é um dever cívico, que cabe aos cidadãos, resistir contra decisões injustas”, frisou.