Luanda - Assinala-se, esta segunda-feira, o Dia Nacional do Trabalhador da Saúde em Angola. No Cuando Cubango, e mesmo com as promessas recentes de João Lourenço para o setor, profissionais queixam-se de problemas antigos.

Fonte: DW

Celebra-se anualmente em Angola, a 25 de setembro, o Dia Nacional do Trabalhador da Saúde, mas no Cuando Cubango os profissionais continuam com poucos motivos celebrar a data. O setor da saúde enfrenta sérias dificuldades que afetam a qualidade nos serviços prestados, desde obras paralisadas a unidades sanitárias em péssimas condições.

Adelino David Moisés, representante do Sindicato dos Enfermeiros no Cuando Cubango, reconhece alguns avanços no setor da saúde na província, mas diz que ainda há muito a fazer, nomeadamente no que toca a melhorias nas condições de trabalho.

"A nossa ânsia é de ver que o Governo trabalha no sentido de melhorar, tanto os meios de trabalho, como a assistência a salários dignos. Os enfermeiros precisam de salários dignos porque são a porta de entrada e de saída dos pacientes", lembra.

"Para a saúde haverá sempre dinheiro"

No final de agosto, em Luanda, quando questionado se a construção de novas infraestruturas ligadas à saúde vão parar por causa da situação económica difícil que Angola está a passar, o Presidente João Lourenço garantiu que, enquanto for chefe do Governo, o setor terá sempre dinheiro.

"Nós não só estamos a construir as infraestruturas, portanto, a gastar recursos não só apenas no betão, como também estamos a gastar recursos para os nossos jovens. Devo dizer que para a saúde haverá sempre dinheiro, vamos prejudicar outra área qualquer em beneficio da saúde", garantiu.


Em reação a estas declarações, o sindicalista e enfermeiro Adelino David Moisés diz que é notório o trabalho que está a ser feito, tanto a nível de infraestruturas, como formações, mas deixa o alerta: "Primeiro, ter mesmo fé de que a afirmação do senhor Presidente se vai concretizar, [e para isso] precisamos da prática".

Luciana Sapalo, técnica de enfermagem, trabalha há três anos na comuna do Missombo, localizada a 18 quilómetros de Menongue e com uma população estimada de 50 mil habitantes. Aqui, seis técnicos atendem por média 30 a 40 utentes.

Dificuldades

Luciana Sapalo conta que, na sua comuna, a principal dificuldade é o transporte, mas nem isso impede os profissionais de prestar assistência aos doentes.

"O nosso trabalho aqui é um pouco complicado, porque o transporte é por nossa conta. São mil kwanzas diários [equivalente a 1,3 euros], mas fazemos todos os possíveis para chegar para acudir a situação médica e medicamentosa da nossa comuna", diz.

José Barros, diretor de enfermagem do Hospital Pediátrico do Cuando Cubango, refere que, apesar de algumas melhorias nas condições de trabalho, o setor ainda enfrenta dificuldades.

"As dificuldades existem, mas temos que as ultrapassar para atender os doentes", diz.

Segundo João Chinhinga, diretor do gabinete Provincial de Saúde na província, no Cuando Cubango trabalham atualmente no setor da saúde 2151 profissionais, entre os quais 142 médicos e 1193 enfermeiros, para além dos técnicos de diagnósticos terapêuticos e auxiliares de enfermagem.