Luanda - A representante da Corporação Financeira Internacional (IFC) em Angola considerou hoje que os investidores estão mais disponíveis para investir em Angola, mas reconheceu que quem olha para a situação macroeconómica a curto prazo "assusta-se".

Fonte: Lusa

"Quem olha a curto prazo para Angola ou não conhece bem a realidade assusta-se com estas situações macroeconómicas mais pontuais, mas quem olha a longo prazo ou quem já está habituado a investir em economias emergentes normalmente olha para além disso", disse Indira Campos em entrevista à Lusa, à margem do fórum Doing Business, que decorreu na terça-feira em Lisboa.


Os investidores, apontou, estão mais disponíveis para investir neste país lusófono africano "graças a todo o esforço que o Estado tem feito em termos de reformas sobre a facilidade de fazer negócios e reformas setoriais específicas, e por isso há muito mais abertura de todo o tipo de investidores", considerou.

Os investidores internacionais, vincou, "não deixam de olhar para Angola por causa destas questões", acrescentou Indira Campos, referindo-se à desvalorização do kwanza no primeiro semestre e à forte subida da inflação nos últimos meses, um contexto também marcado pela retirada dos subsídios aos combustíveis e reinício dos pagamentos da dívida à China, que fez disparar o rácio da dívida sobre o PIB.

"Claro que a estabilidade macroeconómica é um critério para os investidores, mas eles também olham para o que podem ou não desenvolver no país, por isso é importante que estes investidores encontrem parceiros locais fiáveis, ou um financiador que os ajude a estruturar o projeto, e é nessa vertente que o IFC entra, porque traz uma garantia e critérios internacionais, mas muitas vezes também vão para Angola diretamente com a banca local, que já tem a sua própria credibilidade", concluiu.

No ano passado, o IFC, o braço do Banco Mundial para fomentar o investimento privado nos países em desenvolvimento, financiou projetos no valor de 11,5 mil milhões de dólares (10,8 mil milhões de euros) em 40 países africanos no ano fiscal de 2023 que terminou em junho, dos quais 23,5 milhões de dólares (22,2 milhões de euros) foram investidos em Angola em dívida de longo prazo e cerca de 71 milhões de dólares (67,2 milhões de euros) em financiamento de curto prazo.