Lisboa - Gonçalves Manuel Muandumba, o secretário do Bureau Político do MPLA para Organização, Mobilização e Inserção na Sociedade, realizou nesta sexta-feira (29) uma visita de trabalho partidário ao município do Andulo, província do Bié, que está a ser objecto de críticas por ter "paralisado as estruturas do Estado" em prol das suas acções.

Fonte: Club-k.net

De acordo com apurações, ao tomarem conhecimento da chegada do responsável do MPLA, a administradora municipal Celeste Elavoco David Adolfo terá mobilizado todos os recursos do Estado, "paralisando" assim o município.


O governador provincial Alfredo Pereira e a administradora Celeste Adolfo acompanharam pessoalmente o secretário do BP do MPLA na atividade, o que resultou na paralisação desta localidade.

 

Professores, enfermeiros e funcionários públicos foram coagidos a suspender as suas actividades para recepcionar e participar da actividade de Gonçalves Manuel Muandumba, que ocorreu na sede municipal do MPLA. Isso resultou na perda de aulas para os alunos nesta sexta-feira e na falta de enfermeiras para atender os doentes.

 

De acordo com constatações devidamente documentadas (imagens) em posse do Club-K, as seguintes instituições foram paralisadas:

Administração Municipal do Andulo
Balcão Único de Atendimento/Simplifica
Escola do I Ciclo do Ensino Secundário Soma Ndombe
Escola Primária Nº 42
Escola Primária de Massinde Nº 73
Escola 4 de Abril Chivili/Andulo
Escola Primária Catala Nº 49
Complexo Escolar Dr. Antônio Agostinho Neto Nº 1
Escola Primária Nº 80

Por volta das 13:30 de hoje, um ativista local, Felix Katupui, divulgou imagens de estabelecimentos da função pública encerrados, notando que apenas 15% da administração municipal do Andulo estava a funcionar "devido à visita do Secretário do MPLA, Gonçalves Muandumba".


Inconformado com a situação, um responsável da administração, ao notar a ausência dos funcionários, decidiu acionar os mecanismos legais e marcar falta aos seus colegas que abandonaram suas tarefas para se juntar à atividade do Comitê Municipal do MPLA.


No que diz respeito à província do Bié, o município do Andulo é o que mais se destaca pelos problemas de partidarização das instituições e intolerância política. A situação de partidarização das instituições é frequentemente citada como um problema que afeta o funcionamento das escolas, dos serviços públicos e da sociedade civil. Segundo as denúncias de alguns professores, gestores e funcionários, existe pressão para que todos se filiem ou simpatizem com o MPLA, o partido no poder. Aqueles que não se alinham com o partido enfrentam discriminação, perseguição e até demissão.

 

A partidarização das instituições no Andulo também é vista como um reflexo da falta de pluralismo político, transparência e fiscalização na gestão pública, o que se agravou desde que João Lourenço assumiu o poder em 2017. Essa situação compromete a qualidade dos serviços prestados à população, a participação cívica dos cidadãos e o desenvolvimento do município.