Luanda - Sim, temos como cidadão o direito de nos questionarmos,  qual Angola que teremos daqui a 10, 20 0u mesmo 30 anos. Apesar de isto ser um exercício de ficção para muitos. Sem um relacionamento com os assuntos do nosso dia-a-dia.


Fonte: Club-k.net


Para alguns é um diálogo futurista interessante, para a nossa nação angolana, uma nação emergente dentro do concerto das Nações. Propósito da visão das nações africanas o Prof. Cheich Anta Diop afirma que: “ o desenvolvimento em África há-de ser integral”. Isto é; um desenvolvimento económico, técnica, industrial, cientifica, institucional e cultural. Para ilustrarmos o nosso tema apresentamos os dois cenários a seguir:


Imaginamos que daqui a 10 ou mais anos estivéssemos ainda Estradas esburacadas, Escolas com “Janelas partidas”, Hospitais em que o visitante não tem possibilidade de ver o paciente, estudantes com diplomas, mais sem uma orientação profissional clara, concreta e objectiva, um tráfego confuso, longas filas nas Instituições bancárias, Senhoras com crianças a vender nas ruas das cidades, jovens a espera de uma carga para movimentar, em resumo uma replica daquilo que constitui o nosso dia-a-dia hoje em Angola;

 

Imaginamos no mesmo horizonte temporal uma Angola em que as nossas Estradas tangem os patamares internacionalmente aceites, na estrutura e na funcionalidade, Escolas onde as “Janelas partidas” são logo substituídas para se evitar a quebra das outras , Hospitais com um atendimento e tratamento impecável, em que ninguém será obrigado a ir se tratar fora do País, salvo casos especiais, balcões de atendimento nos Bancos, onde o cliente sente-se, mesmo rei, ruas com ornamentação moderna, em fim uma imagem completamente diferente, daquilo que constitui hoje o nosso pão do dia-a-dia. 


Diante do primeiro cenário, mesmo o Angolano mais tolo estaria na altura de afirmar que: “ Falhamos nos todos, isto é a classe dirigente, a oposição civil, a sociedade civil e mesmo o cidadão comum”. Como se confirma em muitas nações posindependente em África, com exemplo típico da Republica democrática do Congo. Fizemos esta afirmação no pressuposto de concebermos que o desenvolvimento duma passa por várias fases e uma destas fases é a de “ a divisão de trabalho”. Com a divisão de trabalho os Governantes governam contando com apoio técnico científico dos nacionais e os governados cumprem os seus deveres conscientemente e usufruam aquilo que lhes diz respeito, no mínimo; o direito a Ensino, Saúde e Trabalho.


Quanto ao segundo cenário, mesmo os mais cépticos hão-de concordar que:” Apesar de tudo valeu a pena”.


Aliás concordamos com Prof. Vicente Pinto de Andrade quando ele diz: “ A nação e, sua coesão constroem-se com gradualíssimo, com paciência, com espírito de negociação e de concertação”.


Nesta citação importa frisarmos dois aspectos da construção da nação na visão do Prof. Vicente de Andrade, primeiro o “gradualíssimo”. Pois, nenhum Angolano coerente pode crer que o desenvolvimento da nação angolana será espontâneo ou duma resolução a curto ou a médio prazo. No entanto, o gradualíssimo este enraizado na complexidade mesmo do conjunto de tarefas a realizar a nível nacional, provincial, municipal e local. O segundo aspecto principalmente para os governados é a “paciência”, pois somos de opinião que todo Angolano deve ter paciência nesta longa caminhada para o desenvolvimento, esta paciência é importante, para evitarmos n de cair na armadilha do imediatismo. Pois, qualquer Angolano insider, que conhece a realidade do mercado do Roque ou do Quicolo pode constatar que “ o Angola esta apostado nas soluções rápidas e fáceis (Imediatismo), comparando com as outras nações, esta atitude pode ser considerada de fatal para uma nação. Quando não se planeia nada a logo termo, os Projectos tornam-se efémeras, dizem os estrategas.


Cabe aos leitores tecerem comentários se o presente artigo foi escrito no sentido pró ou contra o governo. O nosso objectivo foi incentivar uma discussão em que cada um traga aquilo que poder dentro da sua respectiva disciplina, com a plena consciência de que edificar uma nação em todas suas vertentes não é uma obra, de “Aprendiz Feiticeiro”, como dizia Goethe. Portanto se quisermos ter um cenário abonatório há que encontrarmos pontos de convergência. Mesmos nas democracias ocidentais, que são na maioria dos casos seculares as pessoas podem ter pontos de vistas discordantes, mais no fim de debate eles encontram, um ponto em que o “interesse comum” imponha -se sobre os interesses individuais ou de grupos de indivíduos ou emerge uma maioria qualitativa.

 

Concluindo, diríamos que o cenário que teremos daqui as próximas décadas, depende dos subsídios de todos Angolanos nesta empreitada gigantesca de construção nacional. Nesta óptica é de recordar que a democracia não significa discordar em tudo. Para tal a comunicação social como veículo de ideias (pensamentos) cabe um papel fundamental, numa sociedade onde as ideias fluem há mais probabilidade de se atingir altos patamares, o Japão servir de exemplo a respeito disto. Uma nação onde as ideias dos Intelectuais, da Oposição, e a Sociedade civil são filtrados ou mesmo excluídas a tendência é de estagnar. Apesar de estes actores ter a obrigação de centrar as suas ideias num diálogo construtivo. Tecnicamente há existe uma diferença entre quem diz: “ Este governo não presta, olha só as estradas que mandam construir, nem drenagem tem” e quem diz: “ No estado actual das coisas, nas zonas suburbanos é preferível estradas de terra abatidas, com burgau, do que estradas sem drenagem”, que quando chove metamorfoseiam -se em autenticas lagoas.


Este diálogo construtivo faz muita falta nos debates nacionais e sem ela a democracia, como sistema político é incapaz de tirar proveito, mesmo nas ideias dos intelectuais mais brilhantes. Numa certa medida opiniões construtiva podem colmatar tensões políticas entre o Governo e a Oposição.


Bibliografia:

Cheich Anta Diop in: www.ankholine.com, Cheich Anta Diop/documents;

Vicente Pinto de Andrade in: Angolense nº 565 P.18/2010;

Goethe (1749-1832) in: Der Zauberlehrling.


Daniel Veloso Álvaro, Economista