Luanda - O índice de penetração do setor segurador na economia angolana manteve-se abaixo de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2022, resultante da baixa cultura de seguros e insuficiências na fiscalização dos seguros obrigatórios, disse hoje fonte oficial.

Fonte: Lusa

O atual cenário do mercado segurador em Angola foi apresentado hoje, em Luanda, pelo secretário de Estado das Finanças e Tesouro de Angola, Otoniel dos Santos, o qual apontou a reduzida cultura dos seguros e constrangimentos na atuação das empresas, como entraves à ação do setor.

"O primeiro é a baixa cultura de seguros. Quanto menos o cidadão souber sobre a importância e benefícios do seguro, menor é a apetência para a sua subscrição. Os cidadãos, as famílias e as empresas precisam de ter a noção da importância do seguro para si e para a sociedade no geral", defendeu.

Segundo o governante, que falava hoje na abertura do VIII Fórum Seguros, realizado pelo Jornal Expansão, o segundo constrangimento resulta da própria atuação das empresas de seguros.

"É importante que os sinistrados possam, de facto, confiar nas seguradoras e contar com elas para a regularização tempestiva dos sinistros quando eles ocorrem", observou, lamentando a existência de seguradores que "se furtam" em cumprir suas obrigações.

As seguradoras que se furtam a fazê-lo, "quando não existem motivos para declinar a regularização de um sinistro", assinalou," não têm contribuído para melhorar a perceção positiva dos seguros na sociedade".

Otoniel dos Santos salientou que a taxa de penetração do setor na economia nacional "encontra-se ainda aquém dos níveis de penetração dos demais países da região austral, onde a média se cifra já nos 3% do PIB".

Para inverter a baixa taxa de penetração dos seguros em Angola, Otoniel dos Santos instou a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG) a continuar a envidar esforços para garantir uma promoção da cultura do seguro num ambiente regulatório "robusto e capaz de promover a competitividade e a estabilidade no setor".

O secretário de Estado defendeu, na sua intervenção, a necessidade de se continuar com o processo de assimilação e implementação das boas práticas de governo corporativo, "no intuito de promover mais solidez, profissionalismo, reputação, confiabilidade e credibilidade" às empresas de seguros que operam em Angola.

Os seguros obrigatórios, recordou, são criados para assegurar que todos aqueles cujos interesses sejam lesados por outrem tenham garantia de efetiva reparação, sem que para tal estejam dependentes da capacidade financeira do causador.

Deu conta igualmente que a ARSEG catalogou 27 seguros obrigatórios, cujos níveis de subscrição são bastante baixos, com exceção dos seguros associados ao setor petrolífero e da aviação civil.

"Em relação ao seguro obrigatório automóvel, por exemplo, que é o mais popular dos seguros, estima-se que apenas 15% dos veículos possuem esse seguro, o que confirma bem a penetração que os seguros têm no nosso mercado", frisou.

Otoniel dos Santos considerou que Angola tem ainda um largo caminho a percorrer no domínio dos seguros obrigatórios de acidentes de trabalho e doenças profissionais, de acidentes de trabalho do setor da construção, de incêndio dos edifícios em propriedade horizontal, de incêndio dos edifícios e bens utilizados nos jogos de fortuna ou azar, de locação financeira e outros.

A necessidade da fiscalização efetiva dos seguros obrigatórios foi igualmente defendida pelo governante, o qual considerou que, neste processo, a ARSEG tem o papel fundamental de os mapear, regulamentar e fiscalizar.

"Temos, por conseguinte, um caminho a percorrer no sentido de alcançarmos uma taxa de penetração dos seguros mais ambiciosa, o que apenas será conseguido se apostarmos fortemente na literacia financeira, bem como na inovação e na oferta de produtos cada vez mais inclusivos", admitiu.

O secretário de Estado das Finanças e Tesouro de Angola considerou ainda que os seguros são um elemento importante da agenda de diversificação da economia em toda a escala, enaltecendo as ações em curso para estimular e dinamizar o seguro agrícola.