LUANDA — O novo Aeroporto Internacional Dr. Agostinho Neto, é inaugurado na sexta-feira, 10, em Luanda, mas para centenas de angolanos isso servirá apenas para recordar as casas que perderam e as promessas do Governo que não foram cumpridas.

Fonte: VOA

Os mais de 300 cidadãos que, em 2022, viram as suas casas e quintas destruídas, nas redondezas do novo aeroporto, acusam o Governo de Luanda de os ter abandonado e de se recusar a dar informações sobre o destino da verba autorizada pelo Presidente da República para a construção de habitações sociais para eles.

 

Domingos José Cazombo diz que muitos antigos moradores foram forçados a abandonar a zona que lhes tinha sido dada pela Administração de Viana para o realojamento por não oferecer as mínimas condições para ser habitada.

 

“Muitas idosas estão a viver em casas de familiares em Luanda e não temos nenhuma informação sobre a construção da casas para nós”, afirma.

 

“Fomos considerados invasores das nossas próprias terras”, acrescenta Cazombo.

 

O Presidente da República autorizou, no passado mês de Julho, a construção de 1.500 habitações sociais, incluindo as respetivas infra-estruturas e equipamentos sociais, visando o realojamento das famílias que residiam em terrenos localizados na reserva fundiária junto à cabeceira da pista do aeroporto.

 

O despacho presidencial determinou, com carácter de emergência, a adjudicação do contrato de empreitada no Município de Icolo e Bengo, província de Luanda, no valor global em Kwanzas equivalente a 75,7 milhões de dólares.

 

Caetano Costa, coordenador adjunto da S.O.S. Habitat, a organização não governamental que assumiu a defesa dos moradores, disse que as promessas da administração de Viana "não passaram de mera intenção".

 

A Voz da América tentou, sem sucesso, ouvir os responsáveis da Administração da Viana que tinham dirigido as demolições das casas e quintas com o argumento de que a presença da casebres na zona podia por em causa a certificação do novo aeroporto de Luanda.