Luanda — Crimes graves envolvendo cidadãos asiáticos, particularmente chineses, aumentam em Angola forçando as autoridades a pedir a ajuda das comunidades e associações empresariais chinesas para denunciarem os implicados.

Fonte:  VOA

Isto ao mesmo tempo que aumentam apelos para que o governo tome medidas para se impedir a imigração descontrolada que, segundo um jurista, põe em risco o futuro do país.

Entre Fevereiro e Novembro deste ano, o Serviço de Investigação criminal (SIC) deteve perto de 40 cidadãos chineses e vietnamitas acusados de crimes de tráfico de seres humanos, prostituição, associação criminosa, tráfico e consumo de drogas, auxílio à imigração ilegal, extorsão, crimes contra o ambiente, fuga ao fisco e roubo de viaturas.


O último dos crimes foi revelado nesta segunda-feira,6, com a apresentação pública de três cidadãos chineses por suposta mineração de criptomoeda, um tipo de crime descrito como pouco conhecido ou praticado no país.

 

De acordo com o porta-voz do SIC, em Luanda, Fernando Carvalho, na operação também foi detido um cidadão nacional, cúmplice dos estrangeiros.

 

Este tipo de crimes graves levou já o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, a pedir aos membros da Associação de Cidadãos Chineses Residentes em Angola e da Associação dos Empresários da China no sentido de colaborarem com as forças de defesa e segurança “na denúncia de chineses que cometem crimes graves, visando a sua responsabilização”.


Falando durante um recente encontro de trabalho com o embaixador da China, Gong Tao, o ministro Laborinho expressou preocupação com “a existência de alguns cidadãos chineses que praticam actos tipificados como crimes, obrigando as autoridades a privar-lhes a liberdade”.

 

O governante disse, entretanto, que a comunidade chinesa residente em Angola é calma, não representando, por isso, qualquer perigo para a segurança pública”.

 

Em resposta, o embaixador chinês, assegurou que os órgãos de segurança angolanos “ têm mantido uma óptima comunicação com a embaixada e comunidade chinesa, oferecendo informações antecipadas e criando boas condições de vida e de trabalho para os cidadãos chineses em Angola”.

 

Apesar destas declarações optimistas muitos en Angola estão alarmados com a situação.

 

O jurista António Kangombe alerta que a entrada desordenada de cidadãos chineses em particular configura um risco para a segurança do país.

 

Kangombe diz que muitos cidadãos chineses chegam a Angola a coberto de “figuras da governação angolana”.

 

“Se não alterarmos a situação, essa máfia chinesa vai-se agigantar-se e vai ser uma ameaça para a nossa sobrevivência colectiva”, avisou.

 

“Os riscos são maiores e, evidentemente, ainda teremos consequências graves para este país, porque esses cidadãos trazem vícios no cometimento de crimes que nunca foram cometidos em Angola”, defendeu, por seu turno, advogado, Salvador Freire, que também questiona o perfil desses cidadãos estrangeiros.

 

Angola e China têm mantido relações económicas muito estritas nos últimos anos, fruto do envolvimento de empresas chinesas, particularmente na construção de infraestruturas, na agricultura e também ao nível do comércio.

 

O embaixador em Angola, Gong Tao, revelou num recente fórum bilateral de negócios, que as trocas comerciais com o seu país ascenderam de uma média anual de 150 milhões de dólares, em 2002, para 27,34 mil milhões, no ano passado .

 

"A cooperação de investimento China-Angola ajuda a diversificação económica de Angola. O número de empresas chinesas em Angola ultrapassou 400 e o stock de investimento ultrapassou 24 biliões de dólares, abrangendo vários sectores. Na área da agricultura, as empresas investiram e operaram várias fazendas, experimentaram com sucesso o plantio de sorgo vitivinícola que permitiu alcançar uma colheita abundante de arroz híbrido de alto rendimento”, disse.

 

Por sua vez, o ministro para o Ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, solicitou “ mais investimento, mais capital, mais produção de alimentos, para o sector da habitação, indústria transformadora e comércio para potenciar a economia angolana".

 

Contamos assim com mais investimentos para a produção de alimentos, para disponibilização da habitação, para a indústria transformadora, para o comércio e desenvolvimento das cadeias logísticas de apoio ao desenvolvimento, na exploração mineira e na capacitação e formação profissional”, afirmou José de Lima Massano.