Luanda - São pelo menos 187 docentes do ensino superior “chumbados” nas candidaturas às bolsas de estudos externas nos graus académicos de Doutoramento e Mestrado, conforme uma lista recentemente publicada.

Fonte: Club-k.net

Os candidatos rejeitados falam em má-fe, até mesmo presumível retalhação, da parte da direcção do INAGBE, pelo que apelam ao bom censo da ministra do Ensino Superior, Maria do Rosário Sambo, para rever os critérios de selecção e salvaguardar os direitos dos concorrentes.

A denúncia dirigida ao portal Club-K Angola surge depois de tornada público, no dia 16 do corrente mês, as listas finais, as quais o Club-K Angola tem acesso, assinadas pelo director-geral do Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudos (INAGBE), Milton da Silva Chivela, onde, segundo alegam, 187 candidatos terão sido “criteriosamente” reprovados, num processo pouco transparente, sendo que 111 é o número de candidatos aprovados, numa outra lista.

Os resultados das candidaturas apresentados pelo INAGBE, em que a maioria terá reprovado, é, na opinião da maioria dos concorrentes/professores, com quem o Club-K trocou correspondências, “injusta e um acto de má-fé por parte da direcção do INAGBE e do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI)”, denuncia uma fonte rejeitada no mesmo processo, acrescentando, por outro lado, “nós estamos a presumir ser um acto de retalhação contra muitos de nós que somos parte de sindicalistas de professores que promoveu as últimas greves no ensino superior contra baixos salários”, sustentou, preferindo anonimato.

Os candidatos ora rejeitados do senho pelo Mestrado ou Doutoramento protestam contra as alegações do INAGBE e do MESCTI, que, segundo as quais, estes não teriam cumprido com todos os critérios de candidaturas pre-requisitados, através dos órgãos oficiais para o efeito.

“É vergonhoso saber que instituições a este nível de gestão de bolsas de estudos de ensino superior tenham tomado critérios muito duvidosos ou viciados para a selecção dos candidatos… todos nós que fomos agora reprovados, já estávamos na primeira lista, mas cumprimos com todos os requisitos, inclusive, provamos isso em todas as correspondências nas instituições onde estamos matriculados, em Portugal por exemplo”, lamenta a fonte, cuja candidatura para Mestrado terá sido frustada.

Ainda segundo disse a fonte, para além de comprovativos de matrículas do ano 2021/2022, obrigatório, que confirma a frequência em Mestrado ou Doutoramento, apresentados ao INAGBE, MESCTI bem como à Direcção Nacional do Ensino Superior, estes documentos foram enviados aos respectivos portais digitais, e-mais e números de Whatsapp, para a veracidade da candidatura, mas, lamenta o interlocutor do Club-K, foram por duas ocasiões excluídos, embora com inúmeras reclamações dirigidas à ministra de tutela, Maria do Rosário Bragança Sambo.

Por outro lado, uma outra fonte deplora a gestão de Milton Chivela à frente do INAGBE, e, apela, por isso, a intervenção da ministra do Ensino Superior, na selecção dos candidatos rejeitados, que, muitos dos quais já se encontram a frequentar com dívidas altas contraídas no decurso de “falsas espectativas”, criadas pelo INAGBE, segundo as quais, o processo estava bem encaminhado, sem margens de reprovação.

“Como vamos pagar as contas contraídas aqui em Portugal onde muitos de nós estamos a viver em casas arrendadas, fizemos as matrículas porque o nosso processo estava dentro das conformidades e havia garantia do próprio Milton Chivela do INAGBE, do director nacional do Ensino Superior, Emanuel Catumbela. Esta garantia tinha sido dada aquando das primeiras reclamações. Ainda assim, queremos acreditar que seja uma falha no sistema e que haja uma correcção e publicação de novas listas, senão vamos até as últimas consequências, por isso não é um favor que nos fazem. Estamos no nosso direito de angolanos com todos os requisitos exigidos", apela uma das candidatas.

De acordo com uma das excluídas, o INAGBE não justificou as razões que estiveram na base da maioria de candidatos rejeitados, sendo que nas primeiras reclamações, das listas provisórias, a direcção do INAGBE garantia que haveria de corrigir algumas falhas por si admitidas, mas nada mudou.

 

Universidades com maiores reprovações

De acordo com a lista final de 187 docentes do ensino superior que concorriam para uma bolsa de estudo em Mestrado ou Doutoramento, “agora um sonho adiado”, provenientes de 25 intituições de ensino superior em todo País, na primeira posição está a “Universidade Mandume Ya Ndemufayo” com 19 reprovações; a seguir está a “Universidade Lueji A Nkonde”, com 15 reprovados; e a “Universidade Agostinho Neto” com 13. Dentre estas, as menos sacrificadas da lista são: ISCED do Sumbe e o Instituto Superior Politécnico de Ndalatando, com uma reprovação cada; ISCED da Huíla, ISCED de Cabinda e o Instituto superior Politécnico do Moxico, com duas reprovações cada, e em terceiro está o Instituto Superior Politécnico do Soyo com três reprovações.

 

Universidades com mais beneficiários

Na lista final que contempla 111 candidatos aprovados, seis são candidatos residentes e 105 são candidatos não residentes no país, (exterior), sendo que a “Universidade Agostinho Neto” aparece em primeiro lugar com 15 aprovados.