Luanda - O analista político, Aniceto Cunha, representante do MPLA no programa de debate semanal, denominado “Prova dos Factos”, da Rádio Despertar, foi expulso neste domingo, 19, dos estúdios onde já se encontrava para, como era habitual, debater os principais factos e protagonistas dos últimos sete dias.

Fonte: Club-K.net

A ordem para a sua retirada das instalações da Rádio Despertar, segundo apurou o Club-K, foi dada pelo director-geral da estação, Horácio dos Reis, que alegou que para o debate de domingo, 19, o partido no poder não tinha sido convidado, o que deixou surpreendido os demais convidados.

O facto deixou igualmente surpreso o militante do MPLA, Aniceto Cunha, que tem sido muito interventivo nas suas analises colocando em desvantagem a UNITA, que segundo consta, não tem gostado daí a orientação dada ao director Horácio dos Reis.

Horácio dos Reis impediu o Aniceto Cunha, que vinha em representação do seu partido ao debate semanal, cujo convite foi feito à direcção central do partido no poder, por via de uma carta de solicitação, onde pede que, em cada domingo, o MPLA enviasse um convidado a estar nos debates para análise dos principais factos que marcam a actualidade semana.

“A direcção da Rádio Despertar endereçou há tempos uma carta para a direcção central do MPLA enviar um representante, daí a presença de militantes nos debates, nos últimos anos nesta emissora”, disse uma fonte do Comité Central.

Questionado sobre as razões na base da exclusão de Aniceto Cunha do debate, Horácio dos Reis terá justificado com alegados “factores de ordem moral”.

Diante desta solicitação, a direcção dos “camaradas” indicara o analista Israel Bonifácio, que ficou no espaço por muito tempo até ser substituído por Celso Malavoloneke, Suzeth Antão, Paulo Vita e depois o Aniceto Cunha.

Fontes do MPLA encaram tal atitude como um acto de “intolerância” da direcção da UNITA, que suporta a Rádio Despertar.

O primeiro sinal de “exclusão” do representante do MPLA foi dado na semana passada, quando a produção do programa não enviou como tem sido habitual, os temas agendados.

No domingo, 12, o programa “Prova dos Factos” atrasou cerca de uma hora, devido à ausência do representante da UNITA, que acabou não comparecendo.

Neste programa, um dos temas escolhidos pela produção foram os 48 anos da Independência Nacional, em que os demais analistas defenderam o reconhecimento de todos os líderes dos três movimentos libertação de Angola (MPLA, UNITA e FNLA).

Durante o militante do MPLA, Aniceto Cunha, afirmou que, ao contrário de Agostinho Neto e Holdén Roberto, que na sua visão morreram como Presidente e nacionalista, respectivamente, Jonas Savimbi morreu como “criminoso de guerra, de acordo com a declaração da Organização das Nações Unidas (ONU)”.

Fontes deste portal revelam que estas declarações do militantes do MPLA, no último debate, estão na base da sua “proibição” na Rádio Despertar.

Nas suas abordagens, o militante do MPLA Aniceto Cunha tem criticado igualmente aquilo a que entende ser salários de miséria de 40 mil kwanzas, que um jornalista, bem como críticas que têm sido direcionados a Adalberto Costa Júnior.

“Depois de ter arrumado a deputada da UNITA Mihaela Webba, que visivelmente irritada chegou a solicitar a troca de Aniceto Cunha do debate, revelando fragilidades desta que a colocam em situação de submissão ao seu partido para salvaguardar a sua posição, porém, sem sucesso, a UNITA entendeu enviar outro deputado, no caso, Olívio Kilumbo, que também foi incapaz de travar Aniceto Cunha”, reforça a fonte.

O espaço era moderado pelo jornalista Pedro Cafiele, que de um tempo a esta parte, deixou de fazê-lo.


O Club-K apurou igualmente que os jornalistas daquela rádio de receber boleia de convidados “e obrigá-los a andarem a pé, ou táxi”, mesmo sabendo que a instituição não dispõe de viatura para os profissionais, mas o moderador sabendo da situação real não conseguia desmentir e em sua substituição entendeu chamar o seu colega, Romão de Jesus, que chegou prestando um péssimo trabalho a impedir Aniceto Cunha de proceder a qualquer crítica contra à Rádio Despertar.