Luanda - A UNITA, oposição angolana, espera que a visita do Presidente de Angola aos Estados Unidos da América (EUA) "acresça um pouco mais" a convicção democrática no país lusófono, defendendo que João Lourenço deveria integrar na sua comitiva deputados na oposição.

Fonte: Lusa

A posição foi apresentada hoje (29.11) pelo porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, maior partido na oposição), Marcial Dachala, o qual afirmou acreditar que o encontro entre João Lourenço e Joe Biden venha impulsionar o Corredor do Lobito.

EUA, a UNITA e a democracia

Falando hoje sobre a visita de João Lourenço, que deve ser recebido na quinta-feira (30.11) pelo Presidente norte-americano no Salão Oval da Casa Branca, Dachala disse esperar que o encontro estimule o espírito democrático em Angola.


"Acho que todos os democratas angolanos e nós UNITA o que esperamos é que o Presidente da República, que também é o presidente do partido que está no poder, ao regressar dos EUA acresça um pouco mais de convicção democrática em Angola", disse.

 

O político da UNITA salientou que o Presidente angolano, que embarcou hoje para os EUA, vai visitar um país "que tem a força que tem porque é um país democrático", com 247 anos de independência e com o 46.º Presidente como entidade máxima na condução do país.

 

As celebrações dos 30 anos das relações diplomáticas entre Luanda e Washington também constituem o mote desta visita, como recordou o porta-voz da UNITA, salientando que o primeiro dirigente angolano recebido na Casa Branca foi o líder fundador do seu partido, Jonas Malheiro Savimbi, em 28 de janeiro de 1986.

Corredor do Lobito

Marcial Dachala, também deputado à Assembleia Nacional, sinalizou igualmente a componente económica desta visita, salientando o anunciado financiamento norte-americano para o Corredor do Lobito, concessão ferroviária que liga Angola, República Democrática do Congo (RDCongo) e a Zâmbia.

 

"Quanto à substância económica do que se espera desta visita, esta é centrada no Corredor do Lobito para o qual, segundo parece, os EUA querem investir enormes quantidades de dinheiro, portanto é do interesse deles, é do nosso interesse e é também interesse dos nossos vizinhos", frisou.

 

Dachala lembrou que o Corredor do Lobito "tem a situação estratégica vantajosa de ligar o Índico e o Atlântico, portanto, bem trabalhado nas suas várias dimensões, pode ser sim um dos principais eixos de desenvolvimento" de Angola e dos países vizinhos.


Oposição na comitiva?

Defendeu também que, "na perspetiva da construção da nação angolana, uma vez que João Lourenço cumpre o seu último mandato e Biden é candidato às eleições de 2024", o chefe de Estado angolano deveria ouvir os seus conselheiros, empresários, dirigentes políticos e académicos, antes de embarcar para os EUA.

 

"E, como a cereja no topo do bolo, seria bom que a sua comitiva integrasse, por exemplo, deputados de partidos na oposição que têm assento na Assembleia Nacional (parlamento) tal como fez o Presidente brasileiro, Lula da Silva, quando visitou o nosso país", rematou o porta-voz da UNITA.

 

Segundo o Ministério das Relações Exteriores de Angola, em comunicado hoje divulgado, o encontro entre João Lourenço e Joe Biden "constitui um dos pilares para o fortalecimento dos laços político-diplomáticos" entre os dois países.