Lisboa – O governo angolano gastou mais de USD 15 milhões em lobbying nos EUA nos últimos quatro anos, com o objetivo de estreitar os laços com a administração Biden. A revelação é de numa reportagem da revista norte americana “Politico.com” que trás como titulo “Reunião na Sala Oval com Presidente Angolano é uma Vitória para seus Lobistas”.

Fonte: Club-k.net

Robert Kapla, representante da Squire Patton Boggs, a consultora norte-americana encarregada de organizar o encontro entre os líderes João Lourenço e Joe Biden, forneceu detalhes adicionais sobre os esforços empreendidos na capital dos EUA. Essas atividades incluíram a promoção da imagem e mensagem do Presidente João Lourenço nos meios de comunicação americanos e perante outras personalidades influentes, segundo documentos já publicados pelo Club-K.


Contrariamente à percepção inicial, Robert Kapla destacou que o encontro na Sala Oval não foi o principal objetivo do governo angolano ao assinar o contrato com a Squire Patton Boggs em 2019. O mesmo fala em coincidências de interesses, uma vez que Angola procurava um relacionamento mais significativo com os Estados Unidos, enquanto os EUA identificavam parceiros estratégicos na região.


No seu ponto de vista, o encontro, que ocorreu no Salão Oval da Casa Branca, foi uma oportunidade para os líderes discutirem uma série de questões de interesse mútuo, incluindo a cooperação militar, o investimento estrangeiro e a mitigação da crise climática.


Para os lobistas contratados por Angola, a reunião foi uma vitória significativa. "É o resultado de um trabalho árduo e dedicação", disse Robert Kapla, da Squire Patton Boggs. "Conseguimos mostrar ao governo dos EUA que Angola é um parceiro confiável e que pode contribuir para o seu interesse nacional."

 

Ainda quanto aos pagamentos pelo governo angolano, o responsável destaca que os investimentos da Squire Patton Boggs foram direcionados para pavimentar o caminho para esse encontro histórico, impulsionando não apenas a diplomacia, mas também as oportunidades econômicas para ambos os países. Como observa Kapla, apesar dos desafios de fazer negócios em África, uma relação estreita com os EUA pode facilitar e atrair investimentos americanos.

 

Com base no depoimento de Robert Kapla, da Squire Patton Boggs, a revista norte-americana "Politico", concluiu que o encontro entre Lourenço e Biden não apenas celebra uma relação diplomática duradoura, mas também destaca o papel vital dos lobistas angolanos em Washington. À medida que o mundo observa o desenrolar desses eventos, os gastos em lobby emergem como uma ferramenta estratégica para moldar o cenário geopolítico e econômico global.

 

De forma resumida, a revista faz um resumo dos trabalhos já feitos desde que renovaram o contrato, justificando os 15 milhões de dólares gastos pagos nos últimos quatro anos. Além da reunião no Salão Oval, Lourenço também se reuniu com outros altos funcionários do governo dos EUA, incluindo o secretário de Estado Antony Blinken e o secretário de Defesa Lloyd Austin.

A saber:

- O governo de Angola pagou mais de US$ 15 milhões à Squire Patton Boggs desde 2019 por esses esforços, de acordo com documentos do Departamento de Justiça dos EUA. O interesse de Lourenço visava formar novas alianças militares e atrair investimentos estrangeiros para diversificar a economia angolana, dependente de petróleo, gás e diamantes. Tal interesse coincidiu com um aumento do foco dos EUA em conter a influência chinesa e russa no continente africano, bem como o papel que o fornecimento de minerais críticos neste continente pode desempenhar na mitigação da crise climática.


- Vários altos funcionários das últimas duas administrações viajaram para Angola nos últimos anos, incluindo o Secretário de Defesa Lloyd Austin, em setembro. "Você pode começar a ver todas essas convergências entre as prioridades angolanas e as americanas, e isso se tornou cada vez mais evidente", disse Robert Kapla, da Squire Patton Boggs, à "PI".

- Durante a primeira visita de Lourenço a Washington como presidente em 2021, a Squire ajudou a organizar reuniões com a então presidente da Câmara, Nancy Pelosi, membros dos comitês de relações exteriores da Câmara e do Senado, o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, e a Câmara de Comércio dos EUA, disse Kapla.


- Na cimeira de Líderes EUA-África do ano passado em Washington, autoridades angolanas tiveram reuniões de alto nível e lugares de destaque, e este ano, Biden anunciou planos de investir no desenvolvimento de um corredor econômico fundamental que passa pelo Porto de Lobito, em Angola, além do financiamento para um grande projeto solar lá.

- Garantir investimentos adicionais será "uma prioridade muito alta" para Lourenço após a reunião do dia 30 de novembro, disse Kapla, mas a geopolítica delicada subjacente a esse tipo de cenário ganha-ganha será o elefante na sala.

Não fomos contratados em 2019 para conseguir esta reunião", disse Kapla. "Angola realmente não teve um relacionamento significativo com os Estados Unidos. E eles querem um. E os EUA estão à procura de parceiros nessa parte do mundo, e identificaram um interlocutor muito aberto e disposto no Presidente Lourenço.


"Angola é um lugar desafiador para realizar negócios - em qualquer parte da África", observou Robert Kapla. No entanto, se uma empresa americana estiver interessada, "provavelmente preferiria escolher um local onde o país mantém um relacionamento muito próximo com os Estados Unidos em níveis elevados. Assim, essa reunião também é significativa para esse propósito."


Apesar de o governo angolano ter desembolsado mais de USD 15 milhões em atividades de lobby nos EUA nos últimos quatro anos pela Squire Patton Boggs, a publicação americana não conseguiu determinar exatamente quanto desse montante foi especificamente direcionado para a realização da reunião de 30 de novembro entre Joe Biden e João Lourenço.


Estima-se que o valor seja expressivo, dado o status elevado do evento, que contou com a participação de ambos os presidentes. No entanto, também é possível que o montante tenha sido menor, pois a reunião foi apenas uma parte de um esforço mais amplo do governo angolano para fortalecer os laços com os EUA.


A Squire Patton Boggs é uma empresa de lobby internacionalmente reconhecida, com experiência em lidar com questões de interesse para o governo angolano.


No final de 2021, o governo angolano renovou o contrato com Squire Patton Boggs por mais um ano. De acordo com o site "Foreign Lobby", que fornece mais detalhes, incluindo a cópia do contrato, a renovação foi de USD 3,75 milhões para o ano, um aumento em relação aos USD2,5 milhões de 2020, mas ainda abaixo dos USD 4,1 milhões do contrato original de 2019.