Luanda - A Fundação Gianni G. Martins, organização não-governamental constituída a 24 de Janeiro de 2020, anunciou em Setembro deste ano a promoção do prémio literário GGMF, tendo como “objectivos fomentar o gosto pela leitura e pela escrita, defender e valorizar a Língua Portuguesa, incentivar a criação literária, premiar novos autores e divulgar as obras com o nível de excelência que se exige”. A primeira edição é dedicada ao género prosa.

Fonte: Club-k.net

O fundador é Gianni Gaspar Martins, filho do actual Presidente do Conselho de Administração da petrolífera estatal SONANGOL. “Talvez propositadamente”, disseram fontes do Club-K, “Gianni omite o nome Gaspar para não ser facilmente ligado ao seu Pai Querido”.


A razão para a ocultação, acrescentaram, se deve ao facto de não querer ser conotado ao pai, sobretudo por este dirigir uma empresa estatal que tinha igualmente um prémio dedicado à literatura, o Prémio Sonangol da Literatura, criado em 1986, mas que, entretanto, foi extinto em 2016, tendo como último galardoado o moçambicano Suleimane Abdulumane.


Sem apontar os patrocinadores, Gianni Gaspar Martins apresenta a própria fundação como a única patrocinadora para o prémio que promove, avaliado em 1.000.000,00 AOA (um milhão de Kwanzas) para o vencedor e a respectiva publicação da obra vencedora.


As fontes suspeitam de ser o Pai Querido, PCA da Sonangol, quem apoia com dinheiro o projecto do filho, em detrimento da reactivação do prémio da literatura da empresa que preside desde 2019. Gianni criou a fundação sete meses depois do pai assumir a presidência da Sonangol.

OS PRÉMIOS DA LITERATURA

A literatura angolana tem sido destaque nos últimos meses com a atribuição/conquista de prémios da categoria, quer nacionais, como internacionais. O escritor Sérgio Fernandes foi o vencedor da 1.ª edição do recém-criado prémio INCM-Angola, em Portugal, promovido pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda daquele país. João Melo é outro galardoado em Portugal, desta vez o prémio da literatura dstangola/Camões, promovido pela empresa lusa DST Group em parceria com Instituto Camões.


Ainda no plano internacional, recentemente o jovem escritor Fernando Carlos foi o vencedor na categoria de melhor livro de literatura estrangeira em língua portuguesa da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, no Brasil. Internamente, referimos o prémio nacional de cultura e artes, categoria de literatura, atribuído ao escritor João Tala.


O surgimento de mais um prémio literário foi elogiado pelos artistas da literatura, sobretudo jovens, destacando o corpo de jurado composto pelos escritores e críticos literários Edy Lobo, Edmira Cariango, Hélder SImbad, David Calivala e Estevão Ludi.


Apontam para a extinção de alguns prémios literários nos últimos anos, a começar pelo António Jacinto, instituído em 1993, então da responsabilidade do Instituto Nacional das Indústrias Culturais e Criativas (INICC), que teve a sua última edição em 2020, data em que premiou o escritor Lourenço Mussango e, pouco depois, retirou o prémio por detectar “a existência real de plágio”. Também foi extinto o Prémio Azul, promovido pela Polícia Nacional para premiar os quadros da instituição que sejam escritores.