Luanda - O director de cadastro do Instituto Geográfico e Cadastral de Angola (IGCA), Adriano Wacatala, está acusado de ser um dos principais responsáveis por um esquema de usurpação de terrenos na zona do 11 de Novembro, no município do Talatona, em Luanda.

Fonte: Club-k.net

De acordo com o director da empresa “Konda Marta”, que controla mais de quinhentas camponesas, Daniel Neto, Wacatala é um dos líderes de um grupo de altos oficiais da Polícia Nacional (PN) e das Forças Armadas Angolanas (FAA), que estão a usar o nome e instituições do Estado para se apropriarem de terrenos que pertencem a camponeses.

Neto denunciou, na semana passada, uma lista contendo nomes de várias individualidades e instituições, com destaque para o nome do ministro do Interior, Eugénio Laborinho, de supostamente ter recebido uma parcela de terra das camponesas de forma “ilegal” num “esquema” liderado pelo comandante da Polícia do Talatona, Joaquim do Rosário.

O IGCA, através de uma fonte anónima, negou o envolvimento do ministro do Interior no esquema, afirmando que a lista é falsa. No entanto, Neto reafirmou que a lista é autêntica e que o IGCA deveria se pronunciar em conferência de imprensa para esclarecer o caso.

O director da empresa acredita que o ministro do Interior poderá não estar directamente envolvido na usurpação, mas que Wacatala e o comandante do Talatona teriam colocado o seu nome na “máfia” com vista a intimidar as camponesas.

Neto lembrou que, num dos encontros entre o advogado da empresa, Salvador Freire, e o ministro do Interior, Eugénio Laborinho teria admitido que um dos seus filhos tinha perdido um terreno no perímetro em litígio, sem no entanto especificar quando e como conseguiu tal parcela.

Segundo Neto, Wacatala, já esteve no terreno em nome do ministro do Interior, onde efectuou a demolição de mais de 40 residências das camponesas da empresa Konda Marta. As habitações tinham sido construídas por uma construtora da senhora Judith, esposa de um oficial da Polícia Nacional, cujas demolições aconteceram sem nenhum mandado judicial ou do Governo Provincial de Luanda.

Após as demolições, os supostos invasores “conseguiram erguer os seus condomínios sob a protecção de 35 patrulhas e polícias armados, alegando que o terreno pertence ao ministro do Interior”, disse Neto.

Na tarde deste domingo, 10, várias patrulhas foram movidas pelo Comandante do Talatona, dando protecção a uma empresa chinesa HS para a vedação do espaço alegadamente adquirido pelas altas patentes da Polícia e Forças Armadas.

O caso está a ser investigado pela Polícia Nacional de Angola.