Luanda - Reza um anexim portucalense que “o tempo deixa perguntas, mostra respostas, esclarece dúvidas, mas, acima de tudo, traz verdades(sic!)”. Ora, não poderia estar mais de acordo.

Fonte: Club-k.net

Desta vez, o tempo trouxe uma verdade até então (muito mal) oculta, que é o verdadeiro objetivo da Comissão para Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP): o de descobrir quem, sem dó nem piedade, matou mais ou quem ceifou vidas com mais crueldade - com requintes de bestialidade nazista à mistura - durante a guerra fratricida que destruiu famílias e esventrou, de forma transversal, o tecido social, cultural e econômico do nosso País. Mais ou menos ao tipo de um jogo mórbido e tenebroso, cuja divisa parece ser a seguinte: eu matei mais do que tu; tu mataste mais do que eu!

 

A CIVICOP é, para mim, uma instituição facciosa transformada num instrumento perverso para a congraça e “pax”, objetivando, claramente, que os angolanos voltem a odiarem-se desalmadamente e a matarem-se irracionalmente uns aos outros. Com o irresponsável e desavergonhado concurso dos veículos de comunicação públicos, a CIVICOP tornou-se num instrumento de ódio, extensivo da “velha birra e guerrinha estulta" entre o MPLA e a UNITA. A CIVICOP está descarada e abertamente contra a paz e a (re)conciliação entre os angolanos. Só não vê quem não quer. Só os hipócritas não o admitem. Só os proselitistas que colocam o(s) partido(s) acima do Estado podem negar esta verdade insofismável.

 

A CIVICOP está interessada em que o País volte a estar em chamas. Pelo menos é o que traduzem os seus actos. Acho um empresa arriscada e muito aventureira. A CIVICOP deveria ser responsabilizada. O que a CIVICOP tem feito demonstra falta de responsabilidade política e uma desconsideração pelo suor, lágrimas e sangue vertidos por homens e mulheres angolanos para que a paz (embora podre) fosse alcançada.

 

Os órgãos de Comunicação Social públicos não devem continuar a ser usados como instrumentos de luta entre os dois principais contendores da cena política angolana. Devem cuidar de não dar voz e vez há interlocutores cujo “lado lunar” é sobejamente conhecido e com discursos ignominiosos, tentando comparar os feitos resultantes da doutrina neonazista com tudo aquilo que de mais tenebroso se passou em Angola.

 

Era suposto, possível e desejável que a CIVICOP trabalhasse de forma prospectiva para o bem estar de Angola e a (re) conciliação entre os angolanos. O Chefe de Estado tem de dar um murro na mesa com o escopo de colocar um ponto final à falta de seriedade que se tornou no refrão principal da CIVICOP, sob pena de um dia caucionar que a ordem constitucional degenere numa situação intranquila em todo território nacional. O momento demanda a mais urgente e redobrada atenção do Presidente da República.

Por esta via, sou a apresentar ao Chefe de Estado “três cenários” : 1) “Acertar o passo” à CIVICOP; 2) Extinguir a referida instituição; 3) Ficar com o “ônus”, caso um dia a pradaria pegue fogo e os angolanos voltem a matar-se selvaticamemte e irracionalmente uns aos outros.

Não é isso que se quer. O que se quer é o seguinte: Que haja responsabilidade política!