Lisboa - Faleceu o Almirante Rosa Coutinho, um dos militares do Movimento das Forças Armadas que planeou e participou na revolução de Abril de 1974.


Fonte: Publico

UNITA e FNLA reagem morte do “almirante vermelho”

António Alva Rosa Coutinho, 84 anos, faleceu hoje, vítima de doença prolongada. Conhecido como o “Almirante Vermelho, devido à sua proximidade ao PCP. O militar integrou a Junta de Salvação Nacional, pertenceu ao Conselho de Revolução e liderou os serviços de extinção da PIDE-DGS e Legião Portuguesa.


Tendo cumprido parte do serviço militar em Angola, onde chegou a ser preso por um dos movimentos de libertação, a FNLA, voltou aquele país depois da revolução de Abril para substituir o então Governador-Geral, General Silvino Silvério Marques, sendo nomeado Presidente da Junta Governativa de Angola onde permaneceu até à assinatura dos acordos de Alvor, em Janeiro de 1975.


Presidente da UNITA lembra Rosa Coutinho como homem de "triste memória" para Angola

 

O presidente da UNITA, maior partido da oposição angolana, Isaías Samakuva, lamentou hoje a morte do “ser humano” Almirante Rosa Coutinho, mas sublinhou que é “alguém de triste memória para Angola”.


Isaías Samakuva, em declarações à Agência Lusa, depois de lembrar que “a morte de uma pessoa é sempre lamentável”, apontou Rosa Coutinho como “um indivíduo que está associado à vida e à história do país”, mas, “infelizmente, de uma forma triste”.

 

“Para nós o Almirante Rosa Coutinho é de triste memória para Angola”, reforçou, repetindo ainda que “a morte de um ser humano é sempre um acontecimento a lamentar” porque “tem família que certamente sentirá a dor”. Como, acrescentou, “haverá angolanos que certamente sentirão essa dor também, mas outros nem tanto”.

 

Isaías Samakuva, quando afirma que “haverá angolanos que sentirão dor” pela morte de Rosa Coutinho, refere-se ao MPLA, partido no poder desde 1975 e que até ao início da década de 1990 governou o país sob a matriz ideológica do marxismo-leninismo e em regime de partido único, que tinha no chamado “almirante vermelho” um aliado no processo de descolonização.

 

Presidente  da FNLA recorda Rosa Coutinho pela influência negativa que teve no processo de descolonização angolano

 

O dirigente da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Ngola Kabango, lembrou hoje o Almirante Rosa Coutinho como “alguém que influenciou negativamente” a história de Angola, mas afirmando o seu “respeito pela sua memória”.


A FNLA, juntamente com o MPLA e a UNITA, foi um dos três movimentos independentistas que disputaram o poder no país durante o processo de transição do regime colonial para a independência angolana, em 1975.


“Conheci Rosa Coutinho durante as negociações em Alvor. Ele defendia uma posição antagónica, contrariava profundamente as nossas posições e teve um papel importante de benefício do MPLA nesse processo histórico”, disse.


“Com o respeito que tenho pela sua memória, quero afirmar que ele influenciou negativamente o processo de descolonização de Angola a favor do MPLA, tal como marcou o processo revolucionário em Portugal ao lado do Partido Comunista”, apontou.


Para Ngola Kabango, Rosa Coutinho “ficará na história do processo de descolonização como o homem que dirigiu o governo de transição enquanto alto comissário enviado por Portugal de forma parcial”.


Ainda não foi possível à Lusa obter uma reacção do MPLA.