Luanda - O ano de 2023 marca um ponto crucial no consulado do Presidente João Lourenço. Desde sua posse em 2017, o líder do país tem enfrentado uma série de desafios, e este ano não foi exceção. Analisar o panorama atual permite uma avaliação abrangente das conquistas e obstáculos enfrentados pelo governo.

Fonte: Club-k.net

Luta contra a corrupção

A luta contra a corrupção foi uma bandeira central da administração do presidente João Lourenço. Houve alguns avanços que foram percebidos. Operações anticorrupção e ações judiciais contra figuras proeminentes têm sinalizado um compromisso real com a transparência e o combate à corrupção sistêmica. A criação da Procuradoria Geral da República anticorrupção demonstrou um compromisso institucional para lidar especificamente com casos de corrupção.

 

Operações como “Carangueijo” resultaram em prisões e apreensões de bens de indivíduos acusados de corrupção, fortalecendo a narrativa de que ninguém está acima da lei. No entanto, esforços são ainda necessários para garantir uma verdadeira mudança cultural e institucional.

Situação social

No cenário social, o governo buscou implementar medidas para melhorar os serviços públicos e promover a inclusão. No entanto, o desafio continua para os próximos anos.

 

No setor da educação e saúde, faltou mais investimentos elevados e notáveis. A qualidade de ensino em geral e o desenvolvimento de infraestruturas em algumas localidades são ainda questões latentes no coração da sociedade. No âmbito da saúde, faltou mais investimentos, formações e capacitação de quadros para atender as demandas existentes no interior do país.

 

Desafios ainda persistentes como a pobreza e desigualdade exigem para o seu governo uma abordagem a longo prazo e bem coordenada.

Economia

No âmbito econômico, observou-se um esforço contínuo para diversificar a economia angolana, a qual é historicamente dependente do setor petrolífero. Investimentos em infraestruturas como o “corredor do Lobito” e iniciativas para atrair investidores foram implementados, buscando estabilidade e crescimento sustentável. Porém, o caminho para a diversificação econômica continua longo, e resultados mais tangíveis podem demandar mais tempo.

 

Relações internacionais

Dando uma volta para agendas ligadas ao contexto internacional, o consulado do presidente João Lourenço no ano em curso (2023) refletiu uma busca ativa por fortalecer relações diplomáticas e consolidar a presença de Angola no contexto global.

Vários acontecimentos marcaram a atuação internacional do governo durante este período, nomeadamente:

O fortalecimento de parcerias regionais: o país tentou buscar fortalecer laços com países africanos e organizações regionais. A participação ativa em fóruns como a União Africana, CEEAC, CEDEAO e a SADC (face à sua presidência rotativa) demonstrou um comprometimento com a estabilidade e desenvolvimento nas regiões catapultando assim a imagem do país pela positiva no contexto regional.


Diplomacia econômica: o governo angolano procurou atrair investimentos estrangeiros e diversificar suas parcerias. Exemplos notáveis incluem encontros com o presidente Lula, o encontro diplomático do seu ministro das Relações Exteriores Teté António com o seu homólogo chinês, e o seu recente encontro com o presidente Biden- EUA, visando impulsionar setores além do petróleo e promover o desenvolvimento sustentável.


Participação em organismos internacionais: claramente que o país conseguiu manter uma presença ativa em organizações internacionais contribuindo para discussões sobre temas que afetam o globo. O seu papel em organizações como a OPEP (Organização dos países exportadores de petróleo) destacou mais uma vez o compromisso do país com a cooperação multilateral.


Mediação em conflitos regionais: como parte dos seus esforços de construção da paz, o país tem desempenhado um papel de destaque na mediação de conflitos em África. O seu envolvimento em processos de paz, como no caso dos Grandes Lagos, destacou a busca por soluções pacíficas para desafios regionais.


Conclusão

Em suma, desafios ainda persistem, como a necessidade de equilibrar interesses econômicos com responsabilidades sociais e ambientais. Além do mais, embora a diplomacia do Presidente João Lourenço tenha buscado diversificar parcerias, alguns analistas apontam a importância de garantir que essas relações se traduzam em benefícios concretos para a população.

Foi um ano de intensos desafios, o desafio futuro reside na sustentabilidade dessas relações e na capacidade de traduzir conquistas diplomáticas em benefícios tangíveis para o desenvolvimento e prosperidade do país.

 

Afonso Botáz - Analista e Acadêmico