Luanda - O presidente do partido no poder em Angola denunciou a existência de forças que financiam pessoas, organizações e partidos, visando derrubar o MPLA que, de acordo com o mesmo, está “verdadeiramente empenhado” na luta contra a corrupção.

Fonte: Club-k.net

A malsinação foi feita durante a cerimônia de abertura da reunião ordinária do Comité Central decorrida recentemente na capital angolana, na qual o “chefe” exortou, durante a referida cerimónia, os dirigentes do MPLA a enraizarem mais o partido na sociedade, nos bairros, vilas, aldeias, organizações não-governamentais, sindicatos, ordens profissionais e igrejas, mas, sem conotação partidária “para melhor entenderem as preocupações do povo”. Era isto que nos estava a faltar!

Impensada e irresponsável. É assim que defino a fala do presidente do MPLA e da República. Sempre pensei que João Lourenço tivesse mais juízo. Sempre pensei que fosse, de facto, um patriota que se preocupasse mais com o País e não com o partido em que milita. Está visto e provado que João Lourenço pode ser tudo, mas menos uma coisa: patriota!

Corrupção. Neste domínio, o País inteiro sabe, verbis gratia, que o “combate privado” de João Lourenço evapora-se na impunidade de Edeltrudes Costa, Manuel Vicente, Ricardo de Abreu, João Baptista Borges, Joel Leonardo, Carlos Cavuquila e outros tantos protegidos por ele mesmo. Ele tem ciência disso. Então que deixe de tratar os militantes do MPLA como “crianças grandes e tontas”. Que deixe de insultar a inteligência do povo. Pois os abusos (também) têm limites!

Sinto-me intranquilo quando quando leio (ouço) o presidente do partido no poder preocupado com a alegada existência de “forças que financiam pessoas, organizações e partidos visando derrubar o MPLA”, ao invés de se preocupar com o bem-estar, o progresso e a segurança dos cidadãos e do território angolano. Fico com a impressão de que João Lourenço dorme e acorda a pensar apenas em como prejudicar cada vez mais os cidadãos e o País para manter o MPLA no poder.

Definitivamente, João Lourenço pode até ser um “bom” dirigente político. Mas, como Presidente da República, deixa muito a desejar. O mais caricato é que não tem pejo em assumir-se como presidente de alguns e não de todos angolanos. É deplorável essa postura de João Lourenço!

Quando exorta aos dirigentes do MPLA a enraizarem
mais o partido na sociedade, nos bairros, vilas, aldeias, organizações não-governamentais, sindicatos, ordens profissionais e igrejas, João Lourenço confirma que o País vive sob o signo de uma cultura política de “partido único” e que é preciso reforça-la.

Destarte, sugiro, no âmbito dos meus direitos civis políticos, que se rasgue a Constituição vigente, se dissolva o Parlamento e se proclame, solenemente, perante a África e ao mundo que Angola voltou a adoptar um regime que faz bem ao ego e à alma de uns poucos: o de partido único! Será melhor. E assim se acaba de uma vez por todas com o equívoco de todos nós e se põe fim à “mise-in-scene democrática” a que assistimos de 1991 até à presente data. É melhor. Muito melhor mesmo!