Lisboa – Funcionários da Inspeção Geral da Administração do Estado (IGAE) têm questionado as novas prioridades que a instituição tem levado a cabo desde que Ângelo da Veiga Tavares, ex-ministro do Interior, passou a comandar este órgão responsável pela garantia da transparência na administração p[pública em Angola.

Fonte: Club-k.net

Funcionários questionam gastos de 18 milhões para desinfestar o edifício 

Os questionamentos aumentaram depois de o semanário “Valor Econômico” ter reportado numa recente edição que a Inspeção Geral da Administração do Estado (IGAE) anunciou um investimento de 18 milhões de kwanzas para desinfestar as suas instalações, em um processo que será conduzido por ajuste direto, conforme despacho oficial da instituição.

 

Este montante significativo será destinado à contratação de serviços especializados para garantir a higienização eficaz do ambiente de trabalho.

 

De acordo com a decisão da IGAE, a escolha pelo ajuste direto visa otimizar o processo, dispensando a necessidade de uma comissão de avaliação. O órgão, responsável pelo controle interno da administração pública, busca assim assegurar um ambiente de trabalho seguro e livre de agentes patogénicos, reforçando o seu compromisso com a saúde e bem-estar dos funcionários.

 

Acontece, porém, que funcionários da IGAE alegam que os mesmos estão num edifício novo, e que não há reclamações de que o mesmo carece de serviços de desinfestação. Por isso, surgem suspeitas de que o novo inspector ou alguém do seu gabinete esteja a buscar mecanismos para obter dividendos alheios ao cofre da instituição.

 

As referidas suspeitas terão se juntado a outras dando conta de outras que atribuem a Ângelo da Veiga Tavares a pretensão de se mudarem para novas instalações, o que implicaria custos para a instituição. “Desde que assumiu o cargo apenas preocupa-se com ações que envolvem gastos”, disse uma fonte ao Club-K.

 

De acordo com apurações, as desconfianças dos funcionários em relação ao novo inspector-geral são associadas ao seu histórico de negócios, no qual enfrentou suspeitas e investigações devido a várias ações controversas e decisões tomadas durante o seu mandato como ministro do Interior em Angola.

 

Quando foi afastado do cargo do ministro do interior foram levantados os seguintes episódios de suspeitas e investigações cujo desfechos terão sido arquivados:

A saber:

Compra de Frota de Veículos Hyundai/I20: O ex-ministro esteve sob escrutínio devido à falta de transparência na compra de uma frota de veículos Hyundai/I20 para a Polícia Nacional e diretores do Serviço de Investigação Criminal. A suspeita de sobrefaturação e alegações de que o seu filho atuou como mediador no negócio levaram a questionamentos sobre a legalidade e ética do processo.

 

Gestão de Recursos Financeiros: Há alegações de que Ângelo Tavares pode ter se envolvido em práticas questionáveis relacionadas à gestão de recursos financeiros durante seu mandato como ministro. Isso inclui a suspeita de descaminho de fundos e possíveis irregularidades na alocação de verbas para a logística da Polícia Nacional.

 

Afastamento de Responsáveis no Serviço de Investigação Criminal (SIC): A decisão de Ângelo Tavares de afastar alguns responsáveis do Serviço de Investigação Criminal, em conjunto com a exoneração de altos funcionários associados a ele, levantou preocupações sobre a possível interferência política nas instituições de segurança e justiça.

 

Mudanças na Logística da Polícia Nacional: Ângelo Tavares foi questionado pela alteração na logística da Polícia Nacional, especialmente no que diz respeito à retirada do controlo da Direção Nacional de Investigação Criminal e à criação do Serviço de Investigação Criminal. Essas mudanças terão gerado tensões e questionamentos sobre a eficiência operacional e a gestão de recursos.

 

Esses factores, entre outros, terão contribuído para a perda de confiança do Presidente da República, João Lourenço, levando à abertura de investigações e a recomendação tendo sido rendido por Eugénio Cesar Laborinho.