Luanda - O activista e defensor de direitos humanos na província da Lunda-Norte, Jordan Muacabinza, denunciou que sofreu na última semana, um atentado em sua casa, na manhã do dia 21 deste mês, protagonizado por supostos efectivos da Polícia Nacional, que teriam efectuado disparos dentro da sua residência onde se encontrava a esposa e filhos, na vila mineira de Cafunfo, município do Cuango.

Fonte: DEcreto

Ao portal O Decreto, o activista da Front Line Defenders (FLD), descreve que perto das 12h00, do dia 21, um grupo de três agentes da Polícia Nacional, sendo dois deles da Unidade de Reacção Policial (URP) e um da Ordem Pública (OP), todos fardados e armados, alegadamente em estado de embriaguez “invadiram a sua casa”.

 

Jordan Muacabinza disse que os agentes da ordem, sem a sua autorização, entraram na residência do defensor dos direitos humanos e, numa das salas, fizeram vários disparos numa altura em que a esposa se encontrava a amamentar o bebé recém-nascido noutra sala.

 

Quando os agentes da Polícia Nacional (PN) “invadiram” a casa o activista encontrava-se na varanda da casa em companhia de mais cinco membros da sua família e colegas, quando foram surpreendidos com disparos de arma de fogo feitos por um agente da Unidade de Reacção Policial (URP), que atende pelo nome de “Knady”.

 

Os três agentes, segundo relata, vinham de uma viatura de cor branca patrulheiro da Polícia até a uma estação de serviço, que se encontra localizada perto da residência do activista.

 

Após terem ordenado a lavagem da viatura, os efectivos saíram da referida estação e dirigiram-se à casa de Jordan Muacabinza. Ao ouvir os disparos, o activista dirigiu-se dentro e na sala terá encontrado os três agentes da corporação com bebidas alcoólicas de marca “Wiscky Start”, sendo que o deles “implorou” para que não denunciasse o caso às autoridades.

 

Diante do sucedido, o activista Jordan Muacabinza apresentou uma participação à Polícia local e falou com o Comandante da 2ª Esquadra que de prontamente telefonou para o comandante da Unidade de Reacção Policial, que culminou com a detenção do agente que fez os disparos.

 

Jordan Muacabinza refere que a perseguição e ameaças de morte, têm sido constantes, devido ao seu trabalho em defesa dos direitos humanos, denunciando os constantes actos de torturas e assassinatos de cidadãos civis na Lunda-Norte, em especial em áreas de exploração de diamantes na região do Cuango e não só, alegadamente por agentes de defesa e segurança do Estado, bem como pelas empresas privadas de seguranças que protegem as minas de diamantíferas.

 

Os seus autores, de acordo com as denúncias, nunca foram responsabilizados civil e criminalmente mesmo com diversas queixas apresentadas à Procuradoria-Geral da República no município do Cuango.

 

Lembra que, acto semelhante aconteceu no dia 30 de Janeiro de 2021, quando alguns efectivos dos órgãos da defesa e segurança, invadiram a sua casa “com o propósito de aniquilar” o activista e, uma das sobrinhas, ao tentar reagir “quase seria vítima”.

 

“Tudo isso é um plano bem arquictectado que estes há muito vem perseguindo os defensores dos direitos humanos nesta região”, lamentou.

 

Em Outubro de 2022, Jordan Muacabinza foi espancado por agente da Polícia de Investigação Criminal, quando o activista tirava fotografias a um cadáver encontrado num dos mercados do sector de Cafunfo, mas que o efectivo em causa “continua impune” e protegido pelos seus mandantes.

 

O portal O Decreto tentou sem sucesso ouvir o Comando Provincial da Polícia Nacional da Lunda-Norte.