Luanda - Há quem não saiba das barbaridades que o MPLA cometeu contra o povo Lunda-Tchokwê, em 1993, à semelhança do que ocorreu com os nossos irmãos da etnia Bakongo, que foram cruelmente assassinados em Luanda, no dia 22 de Janeiro de 1993, tidos como “zairenses” por terem exercido o direito de escolher livremente os seus representantes no quadro das eleições de 1992, resultante dos Acordos de Bicesse, mortos quase o dia todo, crime esse que se designou de “sexta-feira sangrenta”, onde milhares de cidadãos Bakongos foram exterminados pelo MPLA de José Eduardo dos Santos, outros haviam sido espancados e presos, seus bens assaltados e roubados pelos seus algozes, mulheres e crianças haviam sido violadas e mortas pelo MPLA, em nome da suposta segurança do Estado, pronunciamentos proferidos pelos executores. Quando na verdade todos sabemos que as motivações eram políticas e étnicas. MPLA sempre achou que outros povos não prestam pra nada, apenas servem para serem usados, explorados, humilhados e abusados. Razão pela qual, MPLA moveu uma intensa campanha contra os Bakongos, chamando-os de zairenses e canibais que comiam órgãos de seres humanos, tudo para minimizar a dimensão do crime por si cometido, encarar a dor que esse povo sente com indiferença ou algo normal. Mas os angolanos sentem repulsa quando hoje se lembram desse massacre que o MPLA tenta apagar da história e da memória deste povo. 

Fonte: Club-k.net

O mesmo episódio aconteceu contra os Tchokwê, crime esse que o MPLA silenciou em conluio com os nossos próprios irmãos filiados no MPLA. Ninguém pode apagar este crime que bandos de criminosos do MPLA conscientemente cometeram contra o nosso povo, militares e civis haviam sido armados para matar povos desarmados que não cometeram nenhum mal ao MPLA, apenas por tentarem se afirmar como um povo consciente e livre, houve massacres que desencadearam contra o povo Tchokwê, uma verdadeira carnificina nessa altura, foi uma verdadeira chacina contra cidadãos que eram ditos como sendo Zambianos, kataguenses e apoiantes da UNITA, que eram militantes e simpatizantes desta formação política. No Moxico por exemplo, milhares de pessoas foram mortas no dia 10 de Janeiro de 1993 em diante, ntelectuais, comerciantes, trabalhadores e camionistas viveram e conheceram a sanha assassina do MPLA, dentro de estabelecimentos comerciais, residências e campos de cultivo. Houve uma verdadeira caça as bruxas contra “mulatos” que viviam nos bairros “kwenha”, aço, bomba, Mandêmbwe, kapango, e uns tantos que viviam na zona urbana. Pessoas eram surpreendidas na calada da noite nas suas próprias casa, raptadas e mortas, outros foram obrigados a abandonar o Moxico para sempre. Factos esses que contribuíram bastante para inculcar o medo no seio deste povo que até hoje não consegue se afirmar por conta das amarras do medo. É importante dizer que a juventude não pode minimizar estes factos históricos, é preciso estudar, pesquisar e ler muito sobre a história deste País para que consigamos entender a génese do MPLA, não podem seguir só por seguir porque querem ter oportunidades para ascender na vida. Há muita coisa que se passou nesse país que precisa ser esclarecida em nome da unidade e reconciliação nacional de facto, não é essa reconciliação do tipo do MPLA, de tirar vantagens política e económica para dominar e subjugar outros povos.


Também foram brutalmente mortas pessoas em Saurimo, Lukapa e Dundo, nos dias 6 e 7 em diante, de Janeiro de 1993, muitas pessoas foram vítimas da intolerância política do MPLA, que não quis respeitar os acordos de Bicesse que visou alterar o quadro político que vigorava nessa altura, de sistema monopartidário e de exclusão social, para o multipartidarismo que reconhece a presença de outras forças políticas que concorrem de pé de igualdade na vida política do País, e incluir todos os cidadãos angolanos na mesma linha de direitos político, civis e económico. Para minimizar a dimensão do problema no seio dos angolanos, o MPLA promove a mesma táctica de diabolização que adoptou contra os bakongos, acusando-nos de sermos zambianos, katangueses, tribalistas devido ao projecto político federal apresentado pelo PRS. Portanto, essas informações que dão conta dos massacres que o MPLA perpectuou contra os Tchokwês, podem ser também encontradas no livro do Jardo Muekalia (Angola a segunda revolução, memórias da luta pela Democracia), nas páginas 282 e 283.


Desde muito cedo que os meus pais e familiares contavam-me deste acontecimento, tanto é que para quem viveu e conhece o Luena, há lá um bar conhecido por “bar Candimba”, esse bar pertencia à um branco Português nascido no Moxico, que era um grande comerciante e agricultor, viu-se obrigado a abandonar o Moxico para viver em Portugal devido as perseguições de mortes e saque dos seus pertences, seus familiares e amigos haviam sido barbaramente mortos pelo MPLA, casos como esses, há exemplos de tantas famílias que passaram pelo mesmo drama e horrores nas mãos do MPLA.


Moxico também foi o principal palco de concentração e fuzilamento de homens e mulheres tidos como fraccionistas no 27 de Maio de 1977. Às pessoas eram transportadas de Luanda e de outras províncias até ao Moxico, em kalunda, onde foram mortas como se fossem insectos, incluindo intelectuais Tchokwês não foram poupados, principalmente àqueles que fizeram parte da chamada a “revolta do Leste”, foram impiedosamente massacrados pelos assassinos do MPLA, que muitos deles ainda continuam a ocupar cargos relevantes no aparelho do Estado.

 

Por isso, caro jovem, vá atrás do conhecimento porque o MPLA jamais irá permitir que informações como essas sejam contadas nas escolas políticas deste regime. Os nossos irmãos viveram um grande terror que nunca podemos permitir que a verdade seja esquecida ou apagada da história.

Texto de Dito Dalí