Luanda - Leio e ouço com redobrada atenção todas as intervenções públicas do engenheiro Fernando Pacheco. É um intelectual sério. Sempre que posso, leio a coluna que assina no “Novo Jornal”: “Conversa na Mulemba”. O tema da última edição da “Conversa na Mulemba” tem como título “A Realidade Virtual e o Sonho Americano”. Fernando Pacheco termina o seu artigo com dois PostScriptuns. No segundo, questiona se “o objectivo da CIVICOP é o perdão ou o acirrar de ódios?” Boa e oportuna pergunta, digo eu!
Fonte: Club-k.net
Não sou militante da UNITA. Muito menos tenho Procuração para falar em nome dela. Apenas subsumo que ela entendeu “mutilar” a Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) por se ter cansado da chalaça de “Índios e Capitães” que pretende viabilizar a criação de condições subjectivas com um escopo claramente visível: o de fazer com que os angolanos voltem a matar-se, selvática e irracionalmente, uns aos outros.
A decisão da UNITA transforma a CIVICOP num “anão político”. Desarma todos aqueles que - sabe-se lá a que pretextos! - pretendem desenterrar o machado da guerra em Angola. O abandono da CIVICOP pela UNITA representa (digo eu) uma acachapante derrota para todos aqueles que não sabem viver sem premir o gatilho.
Todavia, tenho para mim que a UNITA deverá conhecer a teoria do “Pão” e “Circo” do ditador Júlio César e Caio Graco. A ideia tinha como público-alvo os oprimidos. Isso aconteceu em Roma há muitos séculos. Por isso, venhamos a nós e falemos sem meias verdades. Inquieta-me, verbis gratia, a ideia de ver a UNITA a declarar que deixa de fazer parte do “Circo”, mas conservando o seu apetitoso e diferenciado Pão.
Ora, se a UNITA quer, de facto, agitar a crista e agitar as suas asas para mudar alguma coisa, que faça o seguinte: que industrie os cidadãos e paralize o País inteiro por um período de 24 ou 48 horas, à guisa de desobediência civil. Que os cidadãos se mantenham em casa. Destarte, evitar-se-iam detenções, agressões policiais e muito menos derramamento de sangue.
Que tal…?
