Luanda - Despedimo-nos de 2023 com um sabor agridoce. Deixamos muitos sonhos por realizar, mas esperamos que 2024 seja um ano melhor para todos nós.
É muito difícil resumir os acontecimentos que tiveram lugar, a nível nacional e internacional, durante 2023, bem como falar dos muitos desejos que temos para este novo ano, mas fá-lo-emos na mesma, ainda que de forma sucinta.

Fonte: Club-k.net

Este ano, esperamos ver o desfecho do processo de destituição do Presidente da República, iniciado pela UNITA, ladeado pelo Bloco Democrático e pelo projeto de partido político Praja, unidos através da FPU.


Durante este novo ano, do ponto de vista económico e social, conheceremos os benefícios e a viabilidade do projeto do corredor do Lobito, lançado pelo governo angolano através de fundos norte-americanos e apresentado ao povo angolano como um projeto de esperança e desenvolvimento.


A nível internacional, África e o mundo viveram situações muito importantes. Os nossos irmãos e irmãs da África Ocidental acordaram e revoltaram-se para dizer basta aos governos autocráticos. Pela primeira vez em muitos anos, a África e o mundo viram cair a passividade do povo senegalês quando os jovens da Universidade de Dakar, exigindo a libertação do líder da oposição Ousmane Sounko, ao Presidente Mack Sall através de várias manifestações nas ruas de Dakar, paralisaram o país e obrigaram o Presidente a respeitar as decisões judiciais.


No Níger, o golpe militar levou à queda do Presidente Mohamed Bazoum. Na Guiné, o mesmo aconteceu com o Presidente Alpha Kone, no Gabão, os militares, ouvindo o clamor do povo, puseram fim à dinastia Bongo, este golpe de Estado mostrou a vergonha e o grau de mediocridade dos dirigentes africanos, o mundo inteiro viu malas cheias de dinheiro saírem da casa do presidente da Assembleia Nacional do Gabão, enquanto o povo gabonês sofre. Recordemos que todos estes golpes de Estado foram precedidos de golpes de Estado no Burkina Faso, no Sudão do Sul e de conflitos na Etiópia, na região de Lalibela.


Na Europa, a extrema-direita está a crescer exponencialmente, em Portugal o CHEGA tem cada vez mais adeptos, neste país, o primeiro-ministro António Costa, foi forçado a demitir-se devido à corrupção dentro do seu partido, em Espanha Pedro Sánchez, através de pactos com os separatistas espanhóis, conseguiu manter-se no poder por mais 4 anos, na Holanda, a extrema-direita entra ao governo pela primeira vez na sua historia, e na Argentina, o libertário Javier Milei chegou ao poder pelo partido a Liberdade Avança, que promete pôr fim a anos de peronismo e kirchnerismo, que levaram o país à pobreza. Para além da guerra na Ucrânia, temos agora também o genocídio de Israel contra o povo palestiniano, contra este massacre, em África, apenas os sul-africanos ousaram levar Israel ao Tribunal Penal Internacional, condenando explicitamente este genocídio, os restantes países, todos reféns dos dólares israelitas, assistem anestesiados ao massacre e extermínio de toda uma população.


Entretanto, cá em casa, continuamos a aguardar o desfecho do caso Lussaty, afinal, com tantas reviravoltas nos tribunais e tantos nomes envolvidos, já não sabemos quem é ele neste caso, nem como conseguiu, nem onde estam, todos estes biliões que tinha.


Depois de muitas disputas, lobbies e manobras, o Presidente João Lourenço teve finalmente os seus minutos de glória, lá na Casa Branca. Conseguiu ser recebido pelo Presidente Biden. É difícil lembrar o valor gasto para este encontro, só esperamos que tenha valido a pena, embora saibamos que poucos acordos com os americanos beneficiam os outros, se não os próprios. É preciso dizer que tudo isto serve para nos distrair de assuntos mais importantes, como as eleições autárquicas em Angola. Em Moçambique, por exemplo, assistimos a uma vitória da RENAMO em todas as provincias do país, o que mostra o cansaço dos moçambicanos em relação à FRELIMO.
As manifestações de motociclistas e taxistas contra o aumento exorbitante do preço dos combustíveis, com o consequente aumento do custo do cabaz básico das famílias angolanas, foram ensombradas pelo tiroteio à queima-roupa da polícia na cidade do Huambo, que provocou várias vítimas mortais, sem que até à data tenham sido exigidas quaisquer responsabilidades.


O Partido-Estado demonstrou mais uma vez que quem ousa questioná-lo acaba mal. Todos vimos como a jovem Ana da Silva Miguel, conhecida nas redes sociais como Neth Nahara, vítima do sistema, entrou para a lista dos presos políticos do país, juntamente com Tanaice Neutro e outros.


Outra questão importante que tem de ser abordada de forma responsável neste 2024, é o número crescente de casos de VIH/SIDA no nosso país. Não se pode permitir que esta patologia seja normalizada, pois todos os dias perdemos os nossos jovens para ela. É também urgente combater a prostituição, o uso e abuso de drogas, nomeadamente o álcool, e a redução da sinistralidade rodoviária.


O exílio em massa de angolanos para Portugal, África do Sul, Brasil e outros países está a aumentar. O custo de vida, a falta de oportunidades, o sistema de saúde e de educação moribundo, empurram a força de trabalho angolana para outros países, enquanto os nossos dirigentes gastam milhões em festas de Natal com amigos nas Seychelles.


Em 2023, despedimo-nos de vários entes queridos. Angola perdeu bons e grandes filhos e filhas da sua terra. Todos mártires deste sistema sufocante. Não vos esqueceremos. In memeriam, Dr. Quirino Tchivandja, Ginecologista-Obstetra da Maternidade Lucrecia Paim, grande servidor da pátria e filho das terras da Huíla. Que descanse em paz.


Honraremos a vossa memoria.


Para todos nós que chegamos a 2024, a luta por um futuro melhor para nós e para os nossos filhos deve continuar. Não nos esqueçamos que um povo unido tem mais poder e força do que qualquer exército.


Deus abençoe Angola e os angolanos.


Feliz 2024!!!