Luanda - O Cofre de Previdência da Polícia Nacional de Angola (PNA) está a se acusado de não cumprir uma ordem judicial sobre a sentença proferida pela 2ª Secção da Câmara do Cível Administrativo do Tribunal Provincial de Luanda (TPL), que na última semana, suspendeu o mandato dos órgãos eleitos em Setembro passado nesse órgão da PNA.

Fonte: Club-K.net

Segundo apurou o Club-K, depois da decisão com o processo nº. 111/23B, como consequência, os órgãos sociais do mandato anterior devem retomar os seus lugares até a decisão final do processo.

Os membros afastados daquela direcção informaram a instituição no sentido de retomarem as suas respectivas funções, porém a direcção do Cofre não aceitou integrar os membros sob o pretexto de que a aludida sentença ainda não tinha transitado em julgado por alegadamente entenderem que o recurso sobre a providência cautelar tem efeito suspensivo e não devolutivo ao contrário do que entendem os requerentes.

Chamado a analisar o assunto, o advogado Edgar Leal, disse que, em regra, nas providências cautelares, o efeito do recurso é meramente devolutivo e não suspensivo, uma vez que são processados como um recurso de agravo, nos termos do n.º 1 do artigo 163º do Código do Processo do Contencioso Administrativo, bem como o artigo 740º do Código do Processo Civil.

"Pois, se assim não fosse, as providências cautelares não teriam os efeitos desejados mesmo após a prolação de qualquer sentença. Na medida em que, quando é proferida uma decisão em sede de providência cautelar, o tribunal entende que existem elementos probatórios razoáveis para o seu deferimento, uma vez que o juízo nas providências deve ser de verossemelhança", explicou o jurista.

Por outro lado, garantiu que "o nosso legislador foi ainda mais longe proibindo que tão logo a requerida é citada do requerimento inicial, ela deve, imediatamente, suspender todos os actos de gestão sob pena de incorrer em responsabilidade civil, disciplinar e criminal nos termos do n.º 01 e 05 do artigo 138º conjugado com o n.º 01 do artigo 141º todos eles do Código do Processo do Contencioso Administrativo", sustentou.

Todavia, o ilustre advogado adiantou que as decisões das providências cautelares são de cumprimento imediato e obrigatório, não sendo necessário transitar em julgado, uma vez que estes não tramitam como processos comuns, dado o "pericullum in mora" de uma decisão final, garantindo assim, a segurança jurídica e o efeito útil da providência.

"Portanto, a eventual recusa da entidade em reitegrar os membros que beneficiaram da decisão judicial poderá ser entedida como crime de desobediência", concluiu, acrescentando que a referida decisão não põe em causa nenhum interesse público, conforme bem aludiu a douta sentença.

“Logo, ficam descartados quaisquer fundamentos de um eventual recurso com efeito suspensivo”, salientou.