Luanda - Na minha passagem pela província do Cunene, mais precisamente na cidade de Ondjiva , durante o mês de Dezembro passado, cruzei com um homem, um herói, cujo empenho, entrega e lealdade são de considerar. Afinal na vida não há um trabalho pequeno, pois , numa organização tudo funciona de forma sistémica, influenciando passo a passo o processo geral.

Fonte: Club-k.net

O sujeito que destaco hoje, é um homem alto , magro, disciplinado , natural do Cunene, cujo destino levou- o a trabalhar de forma directa com Jonas Malheiro Savimbi.


Augusto Naipanhe Nande trabalhou durante mais de 20 anos como oficial de ligação num sector estratégico da UNITA na altura, que era a DIVITAC ( Divisão das Transmissões do Alto Comandante), com o código de número nove(9) e cuja função era essencialmente de transporte dos livros de mensagens entre o Centro de tratamento de mensagens ( codificação, envio e recepção) e o Gabinete do Alto Comandante das FALA, o General Savimbi, aliás Gab A/C.


A qualquer hora do dia ou da noite, seja na Jamba, em Mavinga , ou em qualquer outra parte onde circulava o Presidente da UNITA, o nove estava sempre presente com os livros de mensagens.


Eu próprio já presenciei várias vezes o Presidente Savimbi a porta da sua casa a espera do 9 que vinha a correr para apresentar os livros de mensagens, sobretudo quando se tratava da época de ofensivas militares. Por isso o 9 era conhecido por quase todos os membros do cordão de segurança presidencial e tinha acesso livre aquele espaço privado.


Durante a nossa conversa, o 9 lembrou as variadissimas vezes que viajou e privou com o Dr. Savimbi , numa relação singular entre o General e o seu soldado, pois para o Velho a hierarquia era sim importante, mas a criação de uma relação directa com os soldados era fundamental para fora dos relatórios , entender os seus anseios, problemas e dificuldades, afim de resolvê-los com exactidão.


Ao mano 9 e a tantos outros manos, honro-vos pelo vosso trabalho e entrega a causa que defendestes e pela qual muitos pagaram o preço mais alto , o da vida.
Como dizia o já falecido Presidente da Cote D’Ivoire, Henri Konan Bedié e cito:  “Uma das nossas missões que também se constitue em nosso dever, é o de curar as feridas da história.


Paz a todos os nossos mortos, sejam de que lado estiveram e quais foram as circunstâncias e as razões das suas mortes, mas declaro paz para todos eles.
Paz à todos os vivos e sobreviventes, que têm a responsabilidade de continuar o combate político até que ele triunfe.”


Afinal, muitos anónimos também são grandes heróis!
Por : Rafael Massanga Savimbi