Luanda - A recente entrevista concedida por Isabel dos Santos na Rádio Essencial tem suscitado uma persistente curiosidade entre os ouvintes, devido à notável demonstração de sua inteligência e meticulosidade na atenção aos detalhes, que evidenciam sua profunda compreensão em seu campo de atuação.

Fonte: Club-k.net

Contudo, torna-se imperativo considerar as circunstâncias que envolveram sua queda em desgraça em 2017, bem como seu subsequente envolvimento com especialistas em relações públicas, que a entrevista efetivamente destacou como bem-sucedidas em suas estratégias de imagem pública.

 

No cenário atual, é notório que Isabel dos Santos busca alinhar-se com as massas na tentativa de incitá-las contra o Presidente João Lourenço, capitalizando as dificuldades enfrentadas pela população, como a desvalorização da moeda nacional, atribuindo a culpa dessas situações ao próprio Presidente. Durante a entrevista, ela enfatizou consistentemente a ineficácia e a natureza prejudicial das políticas presidenciais.

 

Em uma sociedade democrática, é crucial não negar a Isabel dos Santos a oportunidade de se expressar e apresentar sua própria perspectiva. Entretanto, é igualmente essencial lembrar que a democracia exige a capacidade das pessoas de avaliar criticamente e expressar suas próprias opiniões.

 

Antigamente, todas as instituições elogiavam Isabel e rejeitavam qualquer questionamento sobre sua riqueza e influência, rotulando isso como mera inveja e intenção maliciosa. Contudo, atualmente, Isabel deve estar preparada para um escrutínio minucioso de suas ações e operações, se deseja ser vista como uma figura transparente.

 

Aqueles que defendem a transparência têm todo o direito de investigar a transferência de milhões de dólares de Angola para bancos e empresas estrangeiras, que beneficiaram especificamente Isabel dos Santos e sua família. Milhões foram saqueados de Angola, e Isabel dos Santos desempenhou um papel fundamental nesse cenário. Portanto, é imperativo questionar as narrativas construídas por especialistas em relações públicas do mundo ocidental.

 

No entanto, é notável que Isabel atua com cautela, evitando uma adesão completa à oposição. Em vez disso, ela se apresenta como uma insider e alguém que acredita que o Presidente João Lourenço se afastou dos princípios defendidos por seu pai e pelo partido no poder. Essa estratégia efetivamente diferencia o estilo de liderança de seu pai do do Presidente João Lourenço. No entanto, para que essa estratégia seja credível, não devemos ignorar a perspicácia analítica de Isabel e compreender a verdadeira essência de sua agenda.

 

Isabel dos Santos deve permitir que a verdade seja revelada. O reinado de seu pai foi marcado por um nepotismo desenfreado, levando à criação de monopólios que Isabel prontamente explorou. Agindo como uma empresária consumada em um ambiente com pouca concorrência ou facilmente manipulável, ela capitalizou essa circunstância com proficiência, transformando Angola em uma extensão de seu império empresarial. É imperativo compreender como essa situação ocorreu.

 

Durante a mencionada entrevista, Isabel demonstrou uma postura impressionante e impassível. Armada com papel e caneta, ela transmitiu seus pontos de vista de maneira articulada e convicta, frequentemente elevando a voz para enfatizar suas afirmações. No entanto, sua afirmação de ser uma pessoa simples e incapaz de manipular outros parece claramente incorreta.

 

Além disso, a entrevista notavelmente omitiu informações críticas. Isabel insinuou astutamente que seu pai permanecia inconsciente das decisões tomadas dentro da Sonangol, a própria empresa que ela acabaria por liderar. Ela nomeou especificamente algumas pessoas envolvidas nessas decisões, algumas das quais estão atualmente associadas ao governo. Ao fazer isso, ela sutilmente deslocou a culpa para elas, em vez de seu pai, apesar de seu envolvimento e conhecimento como presidente.

 

Isabel também discutiu seu papel como consultora da Sonangol, alegando ter descoberto a iminente falência da empresa. Infelizmente, ela não abordou as perguntas sobre sua súbita ascensão como uma consultora conceituada e as exorbitantes taxas que ela recebia. Sua referência a outros ganharem salários mais altos parece ser uma tática de diversão.

 

A entrevista careceu de um senso de responsabilidade pela cultura que se desenvolveu dentro da Sonangol sob a liderança de seu pai. Isabel habilmente retratou seu pai como uma figura inocente traída por indivíduos antiéticos, absolvendo-o efetivamente de qualquer culpa. Devemos aprender com a história para evitar a repetição de erros semelhantes no futuro, proporcionando ao povo angolano uma compreensão abrangente do que realmente aconteceu dentro da Sonangol.

 

É evidente que Isabel pretende ingressar na política angolana no futuro. No entanto, é de suma importância que ela seja franca e reconheça seu próprio papel nas dificuldades da nação, incluindo a má gestão da Unitel, onde sua influência política facilitou operações monopolísticas em vez de beneficiar o povo angolano.

 

Devemos reconhecer a inteligência e aptidão de Isabel dos Santos, assim como a inteligência do povo angolano, que não será facilmente enganado, como ocorreu no passado.