Luanda - Nota prévia: Após a minha primeira consulta de cardiologia, no imponente Centro Hospitalar Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, achei, por bem, tecer elogios públicos à ministra Lutukuta. O que vi, agradou-me, e fiquei surpreso pela forma como fui atendido.

Fonte: Club-k.net

Tenho estado a apreciar com muita atenção o trabalho da incansável Ministra da Saúde, Sílvia Lutukuta. O sector por si dirigido é dos mais desafiantes e dos mais sensíveis (Saúde é vida). Do meu ponto de vista, apesar dos grandes desafios, ela tem estado à altura das suas responsabilidades. A sua entrega e o seu profissionalismo levam-me a concluir que a sua nomeação foi uma aposta ganha. Esta filha do Huambo conseguiu impor-se graças às suas reconhecidas valências. Mas como nem tudo depende da sua boa vontade, o ministério que dirige é dos mais criticados, talvez, não tanto por falta de equipamentos médicos, mas sim, por causa do mau atendimento da parte de alguns profissionais de saúde. De realçar que nestes últimos anos, o Estado angolano tem investido bastante na construção de Centros Hospitalares de Especialidades, Centros de Hemodiálise e novas Maternidades. Agora, seria bom que o Estado deixasse de desperdiçar dinheiros dos contribuintes com o seguro de saúde para governantes e determinadas entidades. É claro que o surgimento de novas unidades hospitalares não é o suficiente para se garantir qualidade dos serviços – é preciso fazer mais alguma coisa, talvez, das mais importantes: a formação técnica e a humanização dos serviços. Neste particular, grande parte dos nossos médicos age como quem não tem coração. Para alguém como eu, que recorre aos hospitais públicos e sofre na pele e na carne a humilhação por parte dos médicos e enfermeiros, sabe muito bem do que estou a falar! O desprezo com que o paciente é tratado é doloroso e revoltante. Os médicos são pagos com os dinheiros dos contribuintes. Eles sabem disto, mas preferem fingir que não. Facilmente se percebe que muitos deles estão aí, apenas, por questões meramente salariais, e nada mais. Eu escrevo isto com muita responsabilidade e dor, porque já passei por episódios tristes e lamentáveis em Hospitais públicos de Luanda. Perdoem-me os bons médicos, aqueles que realmente aplicam bem o que aprenderam na academia e tratam os seus pacientes com respeito e humanismo. Infelizmente, esse tipo de médicos e enfermeiros são uma raridade na nossa realidade. O que temos em abundância são aqueles que não chegam a tempo e hora no local de trabalho; faltam de forma recorrente; maltratam os pacientes; erram nos prognósticos; prescrevem mal as receitas, chegando a atribuir doenças aos pacientes, como por exemplo: submeter alguém à quimioterapia sem ter câncer, enfim!

 

Como um bom cidadão, que paga mensalmente o imposto de rendimento de trabalho, tenho o direito de exigir melhores serviços públicos e sinto-me no direito de fiscalizar e dizer com verdade o que é verdade. E a minha verdade é que a ministra Sílvia, a quem admiro e dou o meu “like”, é uma excelente servidora pública. Ela está atenta às reclamações dos pacientes e familiares, só por isso, vão se instaurando processos contra profissionais mal comportados, que ainda não perceberam o que é ser um médico.

 

Seria bom que os profissionais de saúde reflectissem seriamente sobre as suas condutas. Por favor, coloquem a vaidade de lado! Ser chamado de doutor pelos corredores dos hospitais não é o mais essencial. Passem a cumprir o vosso papel e coloquem na prática o juramento de Hipócrates: " A SAÚDE E O BEM-ESTAR DE MEU PACIENTE serão as minhas primeiras preocupações". Se agirem desta forma terão o merecido apoio, respeito e consideração da População.

 

Finalmente, só me resta lamentar: se tivéssemos mais ministros como a Dr.ª Sílvia Lutukuta, de certeza absoluta, o País seria outro. Ela é, na verdade, uma trabalhadora incansável e está atenta ao dia-a-dia dos Hospitais. Infelizmente, nem tudo depende dela; lamentavelmente, nem sempre é compreendida pelos profissionais do seu sector. E eu sei o porquê: quando o dirigente é competente e exigente, facilmente é detestado e mal visto pelos funcionários negligentes.

Voltarei…

Luanda, 22 de Janeiro de 2024.
Gerson Prata