Luanda - Depois de vários dias transcorridos sobre a mais recente entrevista da Engenheira IS, arrastado por força de um amigo intelectual, que muito estimo, decidi ouvir e revisar as palavras ditas pela Engenheira.

Fonte: Club-k.net

Na referida entrevista, a Eng. IS terá reconhecido e argumentado sobre 3 pontos, muito importantes, para esta análise/reflexão.

Vejamos:
1.° Que seu Pai terá sido traído pela Direcção do Partido MPLA e, para tanto, com a intervenção dos serviços secretos.

2.° Que a perseguição política da qual é visada, parte do facto dela ser uma descontente com a actual governação e que pode ser uma força de apoio político a outras formações para a mudança em Angola.

3.° Que a corrupção na Sonangol não começou com a gestão dela e que, no início da sua gestão, ela terá levado um relatório à Direcção do MPLA detalhando a situação de falência técnica, em que vivia a Petrolífera Estatal e, nesse encontro, JL fazia parte como Vice-Presidente.

Entretanto, em 2018, bem no início da governação do JL, eu postei nas redes sociais, em pequenas linhas, argumentando que o Seu Pai (JES) foi vítima dos Serviços de Inteligência que ele próprio criou. JES - Vítima dos Serviços de Inteligência era o título, e nesse ensaio, eu detalhava como o próprio sistema do qual se serviu, terá sido seu principal carrasco, a ponto que o levou ao fim. Em reação ao mesmo ensaio, IS ofendeu-me, usando termos como MACACO, foi a Senhora Deputada Aldina da Lomba quem saiu em defesa da minha pessoa.


Volvidos mais de 6 anos, IS acabou de reconhecer que eu estava certo.


O mais interessante ainda é o facto da empresária ter mantido a formalidade no decurso de entrevista, com afirmações de que era uma simples empresária, que nunca teve intenções de ser ou fazer política.


Porém, é preciso lembrar à empresária IS, que um regime, como o Angolano, liderado pelo Partido MPLA, não é possível ser empresário do gabarito dela e não se servir da política e que até parece ingenuidade, por parte dela, ter feito tais comentários.

Em tese, é hora da empresária "sair do armário" e lançar-se, em definitivo, para a política, já que foi seu pior erro o de tentar controlar os políticos e sem que ela mesma se assumisse como tal (política).

Aparecimento de JL como acção directa de IS

Quanto a MV, como Vice-Presidente da República, tinha o aval de JES para ser seu sucessor e, de acordo a fontes, estava tudo muito bem alinhado. Todavia, IS ao perceber da confiança que o Pai depositava em MV, tentou impedir que tal processo fosse adiante.


JES ignorava essas movimentações, porque, além de depositar confiança em MV, não tinha tempo para outra escolha. Nesta senda, IS usou da sua influência e promoveu o processo em Portugal contra o MV.


Facto este que colocou JES em xeque, praticamente sem alternativas e acaba optando por JL.


Vale notar que IS goza de alguma influência no meio da elite portuguesa. A título de ilustração, citar que, no dia em que fazia tais declarações a uma Rádio em Luanda, a CNN Portugal entrou em directo e passou, durante a sua emissão, a entrevista, coisa que nunca aconteceu. Estamos lembrados, no caso da visita de JL aos EUA numa visita de aproximadamente 10 minutos cuja matéria nunca foi transmitida pela imprensa portuguesa onde somente a imprensa angolana esteve presente em Washington e Portugal não fez referências por aí além a tal visita.

Outrossim, IS acusou JL de usar de perseguição política contra si, o que, em boa verdade, deve visto como uma forma de nos distrair e, assim, ela trazer o tema do terceiro mandato. É sabido que essa situação do eventual terceiro mandato, exige alteração à CRA.


No entanto, a revisão constitucional aconteceu em 2021, logo, o Presidente JL não pode mexer na CRA até 2026 e ainda terá de concorrer, junto dos seus pares, para garantir a presidência do partido, o que será menos provável.

Por conseguinte, e com isso termino a minha reflexão, IS é certamente uma mulher inteligente e capaz. Uma Mulher experimentada e com estratégia no domínio económico, o que falta à Engenheira, em minha opinião pessoal, é o entendimento do jogo político.