Luanda - Sob proposta do actual director de gabinete do Presidente da República, a engenheira e empresária Isabel dos Santos foi nomeada, a 2 de Junho de 2016, para os cargos de presidente do Conselho de Administração e administradora não executiva da Sonangol. A proposta de Edeltrudes Costa foi legitimada pelo então Titular do Poder Executivo, José Eduardo dos Santos, que, por coincidência, tinha laços de consanguinidade com a nomeada: era seu pai.

Fonte: Club-k.net

Na altura, um grupo de cidadãos interpôs recurso junto do Tribunal Supremo com o propósito de impugnar a nomeação de Isabel dos Santos para os cargos de presidente do Conselho de Administração e administradora não executiva da Sonangol, sob alegação de que a escolha da engenheira electrotécnica violava a Lei da Probidade Pública.


Os juízes do Plenário do Tribunal Supremo (Joaquina do Nascimento, Teresa Buta, João Pitra, Joel Leonardo, Agostinho Santos, Manuel Aragão, Molares de Abril, Lisete Silva, Miguel Correia, Manuel Dias da Efigênia Lima) acordaram, no dia 29 de Dezembro de 2016, em não conceder provimento à acção interposta pelo referido grupo de cidadãos de declarar válido o acto de nomeação da engenheira Isabel dos Santos, praticado pelo então Titular do Poder Executivo, engenheiro José Eduardo dos Santos.


Há, diante disso, ilações claras que podem ser feitas. A primeira, é: os órgãos de Justiça são incoerentes e funcionam (mesmo) à “toque de caixa” do Executivo. Isto é um facto in-so-fis-má-vel!


A segunda, é: a (pouca) credibilidade da PGR, do Tribunal Supremo começa a degringolar à velocidade supersônica, que a Justiça está a ser injusta e que o instituto da Presunção da Inocência está a ser olímpica, perversa e convenientemente ignorada. Para não dizer que a política tomou conta dos órgãos de Justiça. Ou seja, a injustiça da Justiça é a que está a “bater”. Dito de outro modo: João Lourenço transformou a PGR e os tribunais em seus “alicates”.


A terceira, é: o terçar de argumentos entre a empresária Isabel dos Santos é sim um processo político e não judicial. Ponto! Se não fosse, Manuel Vicente (a quem João Lourenço ajudou a burlar a Justiça portuguesa e angolana), Edeltrudes Costa, Paulo Jerônimo e muitos outros estariam arrolados neste processo…político. O sobredito processo visa (penso eu) continuar a humilhar o malogrado presidente emérito do MPLA e ex-chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos. E como ele já não está entre nós, nada melhor do que acossar a “menina dos seus olhos”.


A quarta, é: tenho para mim que o alegado combate à corrupção enquadra-se numa estratégia pessoal de João Lourenço, através da qual pretende retirar o dinheiro que alguns membros do MPLA adquiriram indevidamente, enfraquecendo-os financeira e concomitantemente politicamente, como forma de o tornar num monarca absoluto dos nossos dias. Ao mesmo tempo, João Lourenço torna ricos alguns membros do MPLA, da sua confiança como forma de assegurar recursos financeiros para o seu grupo, para além dos recursos do Estado que movimenta a seu bel-prazer.


Post Scriptum: Com este escrito não estou, de modo algum, a assumir as “dores de parto” de Isabel dos Santos e muito menos a assumir-me como “soldado” às ordens de “vampiros” (também conhecidos como marimbondos) do passado e do presente.