Luanda - Um grupo de oito agentes de segurança da empresa K&P (na foto), ao serviço da Sociedade Mineira de Lumina (SML), que explora diamantes na comuna de Luremo, município do Cuango, província da Lunda-Norte, está a ser acusado de de ter torturado um garimpeiro até fracturado a perna esquerda.

Fonte: Club-K.net

O facto aconteceu na semana passada na localidade de Kangau e, segundo testemunhas, foi praticado por oito elementos afectos à empresa K&P, que se faziam transportar de uma patrulha de segurança privada que protege os empreendimentos mineiros nas margens do Rio Cuango e Luremo, a pouco mais de 50 quilómetros da vila de Cafunfo.

A missão dos agentes de segurança foi comandada pelo chefe das operações da K&P, identificado por “Katengo”, com maior identificação nas agressões, cuja brutalidade resultou na fractura da perna esquerda do cidadão Tomás Quissongo, 27 anos de idade, e natural de Luremo e residente na mesma comuna.

A vítima contou à Rádio Angola que, após a “violenta agressão”, foi levada a um dos hospitais de uma das minas do Cuango, onde foi aplicado o gesso e depois levaram-no até a sua residência no Luremo.

“Nesse momento os infractores (com destaque para o senhor Katengo) estão à solta sob o olhar cúmplice das autoridades locais”, lamentam as testemunhas do sucedido.

Os populares manifestam-se “furiosos” com a acção dos agentes de segurança K&PE e denunciam que, os garimpeiros artesanais, para terem acesso aos locais de exploração, têm pagado até 200 mil kwanzas, aos seguranças para ter acesso às áreas de exploração de diamantes, pelo que não entende a atitude dos seguranças.

A exploração ilegal de diamantes continua a deixar marcas e cicatrizes permanentes aos cidadãos, que encontram nesta actividade de garimpo artesanal como a única fonte de sobrevivência e sustento nas províncias das Lundas Norte e Lunda.

“Se o garimpo é crime, e os garimpeiros são tidos como criminosos, porque reabriram tantas casas de compra de diamantes em Cafunfo e no Luremo, essas casas foram reaberta para comprar seres humanos e ou diamantes senhores dirigentes no município Cuango?”, questionam os cidadãos.

Os habitantes da região, afirmam que, devido à miséria e a extrema pobreza que assolam as famílias, os cidadãos sentem-se obrigados a praticar o trabalho de garimpo para mitigar a fome.

“Quem não sabe que a população de Angola está viver momentos de cavalo vermelho, fazer o garimpo não é crime, os criminosos são aqueles que matam e andam à solta sob o olhar cúmplice das autoridades locais”, afirmam.

Activistas criticam a fragilidade da justiça no município do Cuango

Os defensores dos direitos humanos na região do Cuango entendem que "um país sem lei, é um país governado pelos corruptos, um país sem órgãos de justiça independentes é um país sem futuro".

Contam que os casos de torturas e assassinatos, na região leste do país, com maior enfoque para o município do Cuango, na Lunda-Norte, são recorrentes, actos supostamente protagonizados por efectivos da Polícia de Ordem Pública, Polícia de Guarda Fronteira, agentes de Segurança do Estado e seguranças de empresas privadas Alfa-5, Teleservice, Bikuari, Kadyapemba e agora a K&P.

“Assassinaram vários civis nessas minas de diamantes e, essas empresas de segurança, como pertencem às altas patentes do país, o que justifica o grau de impunidade, pois nunca os seus são responsabilizados criminalmente”, descrevem.

Lamentam que os únicos que têm sido julgados “são os activistas e manifestantes, que reivindicam os seus direitos consagrados na Constituição da República, mas nunca os assassinos e violadores de direitos humanos”.

“No gabinete da PGR tem tantos processos de cidadãos mortos pela segurança das empresas privadas, pelos órgãos de Defesa e de Segurança do Estado, processos esses remetidos pelos familiares, mas até não se sabe o seu paradeiro”.

Segundo apurou este portal, a empresa de segurança privada K&P Mineira, tem como sócios o comissário Elias Dumbo Livulo, comissário-chefe Eugénio Pedro Alexandre, comissário Alfredo Eduardo Manuel Mingas “Panda” e o embaixador de Angola em São Tomé e Princípe, comissário José Alfredo “Ekuikui”, antigo comandante-geral da Polícia Nacional.