Luanda - Dizia a Dr.ª Kanumbila, numa das suas interessantes palestras, “é mais fácil destruir uma cidade do que a convicção de um homem”. Segundo me constou, aprendeu a citação do seu pai de quem gabava-se ter herdado a verticalidade. O que assimilei com esta lição é que se você e suas ideias um dia forem rejeitadas embora você saiba que está certo, nunca desista.

Fonte: Club-k.net

A história está cheia de exemplos de figuras cujas abordagens eram tidas como apenas lunáticas, no fim do dia provou-se que os pensamentos e teorias estavam correctos. Num outro extremo do meu diálogo filósofo encontro um ensinamento do amigo Sebastião Lino, “não me envergonho de mudar de opinião porque não me canso de pensar”. Na verdade, a frase original pertence ao filósofo Blaise Pascal. Descobri quase vinte anos depois.


Levo comigo os dois preciosos ensinamentos, acredito piamente na transformação dos fenómenos políticos sociais, a partir de uma leitura de factos. É sempre possível transformar as realidades tendo como base ou fundamento a convicção na justiça social, na equidade e etc. Porém, quando a convicção ignora os sinais do diálogo entre as partes, aí é-se forçado a rever todos os fundamentos que resultaram da convicção e, sim, adoptar o ensinamento, segundo o qual não devemos nos envergonhar de mudar de opinião, porque o que era ontem pode não ser hoje.


O deputado Rui Falcão, previsivelmente, foi muito menos produtivo neste mandato que agora termina, comparativamente a primeira vez que assumiu o secretariado do Bureau Político para Informação. A maneira como saiu de Benguela nunca possibilitou que o ex-governador estivesse suficientemente a vontade para se dedicar de corpo e alma ao seu então desafio. Pena, muita pena que tenha estado a frente de um dos mais importantes pelouros do partido visivelmente contrariado. Acho que a substituição peca por tardia. Mas nem tudo são notícias ruins, a grande vantagem é que na condição de deputado, sem um cargo relevante no partido , Falcão pode e deve reconciliar-se com a sua fórmula original. Entretanto, no meio de turbilhões uma nota fica, as funções de decisões só podem ser consideradas que o desempenho tenha sido positivo apenas e só, se a maioria, a quem se destina as decisões, perceber a direcção em que se anda. Não é possível chegar ao objectivo se o índice não estiver suficientemente claro.


Aos deputados Reis Júnior, Vigílio Tyova, António Paulo e Esteves Hilário desejamos muito boa sorte. Maturidade política recomenda-se e espera-se nas hostes dos camaradas. O futuro é já amanhã!O objetivo deve ser sempre a unidade e nunca a unanimidade. Aliás, quaisquer que tenham sido os motivos da dispensa, Virgílio Fontes Pereira e Rui Falcão deram o melhor de si nas funções que deixaram de exercer. A autonomia de pensamento e liberdade de expressão como valores sublimes de uma democracia ao serviço do desenvolvimento e crescimento de um país, foi seguramente muito bem representado e homenageado por ambos.