Luanda - No seu aguardado discurso de Ano Novo, o Presidente Adalberto Costa Júnior, líder da UNITA, traçou um horizonte claro para 2024, designando-o como o "Ano da Mobilização Nacional para as Autarquias". Esta proclamação indica uma mudança significativa na abordagem política angolana, apontando para a implementação das autarquias como um elemento vital na evolução do país.

Fonte: Club-k.net

A UNITA, ao estabelecer suas prioridades para o ano em curso, está, essencialmente, enfatizando a importância estratégica de descentralizar o poder político. Este movimento é fundamental para empoderar as comunidades locais, permitindo-lhes tomar decisões que melhor atendam às suas necessidades específicas. Inspirado por casos de sucesso em outras nações africanas, este passo representa uma resposta clara às assimetrias regionais persistentes em Angola.

Na vasta tapeçaria africana, experiências de países como Cabo Verde e África do Sul, demonstram como a implementação eficaz das autarquias pode resultar em governança mais eficiente e em soluções direcionadas para desafios locais. Esses exemplos inspiradores, apontam para a descentralização como um meio de fortalecer as comunidades, catalisando o desenvolvimento sustentável em todas as regiões do país.

Entretanto, neste processo, surge um dilema notável: o receio percebido por alguns setores do regime do MPLA em relação à possível perda de bastiões políticos. Aqui, é crucial equilibrar as aspirações partidárias com o bem coletivo. A resistência à descentralização pode, inadvertidamente, atrasar o progresso nacional. O desafio está em encontrar uma harmonia que promova a pluralidade política enquanto impulsiona o desenvolvimento inclusivo.

Nesse contexto, convoca-se as organizações da sociedade civil e os grupos parlamentares a demonstrarem uma colaboração intensificada, até porque, o desenvolvimento do pacote legislativo que formaliza a implementação das autarquias, exige uma abordagem cuidadosa e inclusiva. A participação ativa desses agentes não só garante a transparência no processo, mas também assegura que as vozes diversas da população sejam devidamente representadas.

Em última análise, a concretização das autarquias é mais do que uma reforma política; é um compromisso com a construção de uma Angola mais justa, equitativa e desenvolvida. Ao adotar essa mudança, o país não apenas reforça a sua estrutura democrática, mas também estabelece as bases para uma participação cívica robusta, impulsionando o progresso em todas as esferas da sociedade.

O desafio agora é de transformar essa visão em realidade, com uma abordagem cooperativa e determinada para o benefício de todos os angolanos.

Emerson Sousa.
Analista Político.