Luanda - Dezenas de camponesas relataram terem sido violentadas na manhã desta sexta-feira, 16, por supostos agentes da Polícia Nacional, alegadamente a mando do Comando Provincial de Luanda, que tem dado cobertura aos hectares de terra que as camponesas afirmam ser sua propriedade há décadas. As denúncias, avançadas ao Club-K, revelam que as vítimas foram surpreendidas mais uma vez no espaço em disputa por mais de 30 efetivos da corporação armados e acompanhados de quatro patrulhas, que lançaram gás lacrimogêneo contra as senhoras.

Fonte: Club-k.net

O grupo de camponesas, que inclui alguns homens em menor número, lamentou ter sofrido agressões, com detenções de algumas camponesas e um idoso, cujas identidades não foram reveladas. Não é a primeira vez que uma caravana de carros da Polícia Nacional se dirige aos espaços controlados pelas camponesas da “Sociedade Konda Marta”, forçando as senhoras, na sua maioria idosas, a abandonarem o terreno para beneficiar altas patentes da Polícia Nacional (PN) e das Forças Armadas Angolanas.

 

Com a saída de Joaquim do Rosário do Comando Municipal do Talatona, os camponeses pensaram que a situação deveria ser resolvida, porém, o contrário parece estar a acontecer. Na semana passada, mais de trezentas camponesas realizaram vigílias (sábado e domingo) com o propósito de chamar atenção da Administração Municipal do Talatona e do Governo Provincial de Luanda, no sentido de promover um entendimento para o fim do conflito fundiário.

 

A vigília, segundo o porta-voz dos camponeses, Daniel Neto, visou também protestar contra as “mortes ocorridas no local” provocadas pela Polícia Nacional, bem como a constante “violência contra as indefesas camponesas da Konda Marta”. Imagens e vídeos enviados ao Club-K mostram a presença dos agentes da Unidade de Reação Rápida da Polícia Nacional forçando os populares a abandonarem o local. No vídeo, é possível ver um idoso deitado ao chão, contorcendo-se com dores e reclamando por ter sido exposto ao gás lacrimogêneo.