Luanda - As fortes chuvas que caem muita intensidade, nos últimos dias, na região do Cuango, província da Lunda-Norte, deixaram a Estrada Nacional nº 225, uma das principais que liga a sede municipal do Cuango e à vila mineira de Cafunfo intransitável, numa extensão de cerca de 50 quilómetros.

Fonte: Club-K.net

Os munícipes lamentam que se trata de uma terra onde são explorados os diamantes de grande calibre, que enriquecem as elites do país, mas as vias de comunicação encontram-se degradadas, razão pela qual deixam os automobilistas com os nervos à flor da pele.

 

Para os cidadãos que circulam naquela via (Cuango/Cafunfo), a situação poderá piorar tendo em atenção o volume de chuvas que o Instituto Nacional de Metrologia e Geofísica (INAMET) preveem para a referida região nos próximos dias. “Esse troço deixará de ser usado definitivamente”, disse um dos automobilistas.

 

Segundo os populares ouvidos pela Rádio Angola, a principal via de ligação entre Cafunfo e município do Cuango é a Estrada da Regedoria-Ngonga Ngola, de momento é a única estrada que está sendo muito utilizada por caminhões contentorizada e carros de passeio é a chamada a estrada de políticos que dá acesso a empresa Sociedade Mineira do Cuango.

 

Devido aos estragos causados pelas chuvas, pontes improvisadas de contentores sobre os rios Cajimbungo no bairro Txipaxi, quer da Lagoa Nassamba e a ponte sobre o rio Candaji, os camionistas assim como motoristas destes veículos ligeiros não conseguem prosseguir a viagem dia e noite.

 

Nesta altura, segundo constatou este portal, a única via que facilita a circulação de caminhões e viaturas ligeiras é a da empresa Sociedade Mineira do Cuango (SMC), que explora diamantes no município do Cuango, mas que o acesso “é proibido a qualquer cidadão”.

 

Para além das crateras que formaram ao longo do trajecto no troço Cuango a Cafunfo, estendendo até à comuna de Luremo, “quem se arrisca acaba ficando pelo caminho, com os veículos encravando no longo trecho e num município cercado pelas várias empresas que explora diamantes dia e noite, não existe estradas em condições”, lamentou outro automobilista.

 

Na tarde desta segunda-feira, 26 de Fevereiro, um caminhão contentorizado ficou atolado na lama numa elevação onde permaneceu durante cinco dias a fazer transbordo da mercadoria.

 

“O camião não foi socorrida pelas máquinas da empresa e até ao momento continua encravado, cujo motorista teve de deixar o carro no local e foi para procurar socorro e ajuda de outros camionistas”, contou uma das testemunhas.

 

A população reclama que, no município do Cuango, na Lunda-Norte já passaram mais de dez administradores, assim como tantos governadores provinciais, associados às empresas exploradoras de diamantes, “mas nunca prestaram atenção neste troço que liga a sede do Cuango à vila mineira do Cafunfo”.

 

Muita lama, atrasos e incertezas. A combinação da chuva na estrada N225, tem deixado muita gente, dentre esses políticos, autoridades tradicionais, membros da sociedade civil, e activistas dos direitos humanos frustrados, pois, a cada veículo que consegue passar, a condição de tráfego piora e muitos passam a noite no volante.

 

“A única via de alternativa que tem o município do Cuango é a da Mina Cuango que está a ser usada de segunda a segunda, das 8h00 às 17h00, até que se aguarda ordens superiores para que haja a reabilitação temporária da Estrada Nacional”, disse o taxista Germano Bernardo.

 

Recorda-se que em Fevereiro passado do ano 2021, os comerciantes locais haviam contribuído com mais de 16 milhões de kwanzas, para a reparação da referida estrada nacional nº 225, os fundos, de acordo com os moradores, foram entregues à anterior administração municipal, mas segundo fontes locais, tiveram destino incerto.

 

“Porque esses dirigentes que são indicados para governar este município vieram procurar e não existe nenhuma equipa de inspecção para auferir a transparência das verbas que são alocadas pelo Orçamento Geral do Estado (OGE) para o município do Cuango. Portanto, ninguém sabe o seu verdadeiro destino, e o resultado é termos pontes improvisadas de contentores”, lamentou um dos activistas.

 

Recentemente habitantes do Cuango e de Xá-Muteba, clamaram a administração municipal do Cuango e de Xá-Muteba sobre a remoção de uma ponte antiga sobre o rio Cuango deixada pela Diamang, essa ponte foi negociada, por fim foi removida pela empresa Sociedade Mineira do Cuango.

 

Nos dias 27 e 28 de Fevereiro, uma comissão do MPLA e da JMPLA em visita a Cafunfo e à comuna de Cassanje Calucala, manifestaram-se indignados com a fila de viaturas pesadas e ligeiras retidas à entrada da “via da Mina”, por falta de autorização especial para a sua passagem.

 

Segundo testemunhou a Rádio Angola, para os automobilistas usarem a chamada “estrada de ouro”, os camionistas são obrigados a pernoitar na portaria da primeira cancela até que se baixem ordens, e não aconteceu, mas foram feitas as cobranças dos 80 mil kwanzas pelos guardas da Kadyapemba.

 

De acordo com os membros da sociedade civil, a equipa de gerência da Sociedade Mineira do Cuango (SMC), deve estabelecer critérios de circulação de camionistas e taxistas assim como membros do governo, que usam a via, de modo a se preocupar em dar solução da estrada nacional nº 225, que se encontra intransitável.

 

“Contudo, com a permissão de vários automobilistas, implica dizer que o conselho de gerência da Sociedade Mineira do Cuango está a violar os princípios estabelecidos pelo código Mineiro”, afirmam os activistas e defensores dos direitos humanos.