Luanda - É natural que no mês de Março, quando o mundo inteiro celebra as mulheres e o género, e tudo aquilo que elas conquistaram no decorrer dos séculos, eu deveria juntar-me a elas, para explorar um tópico que - talvez seja novo para muitas pessoas – a “ShEconomy”, ou seja ”Economiela”.

Fonte: Club-k.net

Este nome que surgiu em 2023 “Sheconomy”, é um termo cunhado em 2007, e que hoje já se tornou realidade. Ao compreendermos o que sua narrativa representa, os líderes do mundo de negócios e da politica, devem procurar manter o fogo aceso. Afinal, só será bom para os negócios.


A questão do género, no regime do capitalismo tem sido garantida, sendo que a sociedade seja regulada e controlada por homens. Esta estrutura, tem criado um binário estrito para o género e sua expressão, determinando a forma como as mulheres são tratadas na nossa sociedade africana e no ocidente.


Angola está, como sabemos, empenhada em alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pelas Nações Unidas, incluindo a igualdade de género e o empoderamento das mulheres e raparigas. Actualmente, o sector da indústria em Angola, é largamente dominado pelos homens, com as mulheres representando apenas +-15% da força de trabalho do sector dos petróleo e do gás, e apenas 9% da liderança politica e nos negócios. Sendo que nas zona rurais de Angola, tal como em muitas economias africanas, a maior parte da população dedica-se a actividades agrícolas. As mulheres realizam grande parte do trabalho agrícola. Até o casamento geralmente envolve interesses familiares, políticos e econômicos, bem como considerações e ganhos pessoais.


A proporção por género em Angola em 2021, foi de 97,94 homens por 100 mulheres. O que significa que a taxa feminina não pode ser negligenciada. Elas são a maioria. Existem 16,79 milhões de homens e 17,14 milhões de mulheres em Angola. O percentual da população feminina é de 50,52% em comparação com 49,48% da população masculina. Angola tem mais 0,435 milhões de mulheres do que homens. Este dado, devia ser positivo para a nossa economia em Angola em qualquer sector. Mas será?


A “ShEconomy” para Angola tem que significar uma crescente influência económica das mulheres. E com este novo paradigma, virão maior participação das mulheres na força de trabalho, nos avanços educacionais e as mudanças sociais também serão um factor determinante que contribuirão para esta mudança. Os fazedores de opinião, profissionais financeiros e bancários em Angola, deviam adaptar-se e guisar estratégias personalizadas para melhor servir a sua clientela feminina em evolução. A Economiela o exige.


Esta minha pontuação holística de representação igualitária, se analisada com base na diversidade de género de vários ângulos, incluindo a percentagem de mulheres que hoje já são membros de conselhos de administração, executivas, gestoras e funcionárias públicas e privadas, poderia revolucionar a nossa economia ainda nesta geração. As mulheres quando estão mais integradas na produção formal, podem sim aumentar a sua actividade económica e o PIB através do seu trabalho. Além disso, taxas mais elevadas de participação na força de trabalho pelkas mulheres, podem contribuir para a sustentabilidade orçamental do país e das empresas.


O dia quando Angola souber produzir homens e mulheres que se comportem como actores comerciais e participem num grande número de actividades económicas, embora, mais uma vez, estas pareçam enquadrar-se em categorias de género, haverá sim benefícios tangíveis na nossa economia. Com as mulheres participando numa vasta gama de actividades, incluindo processamento de alimentos, gestão, construção, pesquiza, trabalho doméstico e venda automática, enquanto os homens se especializarão em trabalhos mais pesados, Angola só sairá a ganhar..


O que se tem notado em Angola e no mundo hoje, são as desigualdades estruturais, leis e políticas discriminatórias, acesso limitado a recursos e financiamento, salários desiguais e violência baseada no género, sendo esses alguns dos principais desafios que dificultam a participação económica e o avanço das mulheres na época da Economiela..


O capitalismo, diga-se sem circunlóquios, desenvolveu-se a partir do feudalismo e do mercantilismo na Europa e expandiu dramaticamente a industrialização e a disponibilidade em larga escala de bens de consumo no mercado de massa e só para homens. Em outras palavras, o capitalismo foi inventado para oprimir o género, só que quando se nota que 52% da força laboral do mundo é feminina, então o tiro saio sim pela culatra.


Há uma necessidade premente de mudança de narrativa, porque a ShEconomy está aqui pra ficar e deixar a sua marca em Angola, queiramos ou não. A mentalidade patriarcal e machista de certos lideres que ainda nutrem esses complexo, não vai triunfar e nem deve neste mês de Março Mulher ou mesmo durante o ano todo.

• Economista