Luanda - A questão da eficácia das mudanças de liderança política em países africanos é complexa e multifacetada. Embora alternância política em África seja um factor importante do jogo político e barómetro relevante da maturidade democrática, a inobservância daqueles pressupostos pode ser prejudicial ao desenvolvimento político e social. 

Fonte: Club-k.net

A mera substituição de líderes, por via da alternância, muitas vezes, não resolve os problemas estruturais subjacentes. Mas, com isso, não estamos a defender a eternização no poder por parte de quem detenha o poder.

 

Observamos um padrão recorrente, em que líderes que ascendem ao poder com promessas de mudança e renovação acabam por se perpetuar no poder, muitas vezes, violando os mesmos princípios democráticos que defenderam anteriormente. Isso pode ser interpretado como uma manifestação do fenómeno descrito por Lord Acton, segundo o qual o exercício do poder tende a corromper os próprios indivíduos que o exercem, especialmente quando não há contrapesos institucionais adequados para conter o abuso de poder.

 

Além disso, a fragilidade das instituições democráticas e a falta de uma cultura política também desempenham um papel significativo neste cenário. Muitas vezes, as instituições democráticas, em países africanos, são subdesenvolvidas e incapazes de garantir uma verdadeira separação de poderes ou de fazer valer o Estado de Direito de forma eficaz.

 

No entanto, é importante reconhecer que a alternância política ainda pode ser um elemento importante na promoção da renovação política e na introdução de novas ideias e abordagens para resolver os desafios enfrentados por estes países.

 

Portanto, o debate sobre a eficácia das mudanças de Presidente, por via da alternância, deve ser acompanhado de esforços para fortalecer as instituições democráticas, promover a transparência e o Estado de Direito, e educar os eleitores sobre os seus direitos e responsabilidades cívicas.

 

Quanto ao futuro do Senegal, com um novo Presidente, é difícil prever com certeza. No entanto, é um imperativo que o novo líder seja comprometido com a promoção da democracia, do desenvolvimento inclusivo e da boa governação e que haja um engajamento contínuo da sociedade civil e da comunidade internacional para garantir que esses objectivos sejam alcançados.

 

O tempo, sem dúvida, será o juiz final da aferição da eficácia destas mudanças.

 

*Professor de Relações Internacionais e mestre em Gestão e Governação Pública, na especialidade de Políticas Públicas.Desafios da Democracia