Luanda – O economista angolano Filomeno Vieira Lopes sugeriu hoje (terça-feira), em Luanda, a diminuição das taxas de juros praticadas no sector bancário, por estarem a causar uma redução nos investimentos e no consumo de bens e serviços.


Fonte: Angop
 

Economista Filomeno Vieira Lopes Em entrevista à Angop, sobre “Créditos bancários, suas vantagens e taxas de juros”, o especialista considerou as actuais taxas de juros de “bastante altas”, inibindo os cidadãos de realizarem mais iniciativas industriais, comerciais, agrícolas e de consumo.

 

“Em minha opinião, as taxas de juros hoje são proibitivas, deve-se baixá-las para grande parte do crédito ir para o investimento, para se registar maior contrapartida da expansão monetária em termos de produção", propôs.

 

 
Para o interlocutor da Angop, o aparecimento da inflação não depende somente da expansão da massa monetária em si, mas,  sobretudo,  quando essa expansão não resulta também em contrapartida de produção.

 

 
Segundo o técnico, contrariamente aos demais países, onde a tendência é de se aplicar taxas “baixíssimas" para se atrair mais investimentos em função dos efeitos da recessão económica, em Angola a tendência tem sido contrária.

 

“O bancos têm praticado taxas de juros extremamente altas e isso também esta relacionado com a política do próprio banco central, que para enxugar a massa monetária aumenta as taxas de redesconto.

 

Na óptica de Filomeno Vieira Lopes, caso se continue a pretender controlar a inflação por via do aumento das taxas de juros, haverá problemas como a retracção do investimento e deslocamento do mesmo para o exterior do país, por forma a que tenha maior lucro.

 

De acordo com a fonte, os investimentos conseguidos a altíssimas taxas de juros vão precisar também de grandes taxas de lucros, referindo, a título de exemplo, que se alguém receber um empréstimo a 20 porcento, se não  obter lucros superior a 20 porcento, acabará por perder.

 

“Portanto se por um lado se pretende controlar a inflação através desse instrumento, o mesmo instrumento na volta também pode produzir efeito contrário”, afirmou.

 

Do ponto de vista do economista, uma parte da inflação em Angola resulta dos chamados “lucros inflacionados”, que resultam do facto do acesso ao crédito ser caro e por haver igualmente outras disfunções na economia que fazem com que os lucros sejam extremamente altos.

 

Segundo explicou, uma dessas razões prende-se com o facto das empresas optarem por se autofinanciarem para evitar o recurso a créditos bancários, tendência que na sua opinião  exige por parte dessas sociedade grandes lucros, obtidos através da inflação das suas taxas de rentabilidade, para poderem obter a massa monetária necessária para o reinvestimento.